O Governo não quer fazer “rigorosamente nada” no que toca à expansão da rede de metro do Porto, acusou o presidente da câmara e da junta metropolitana do Porto, numa conferência de imprensa em tom severo em que reagiu às alterações propostas ao crescimento da rede, apresentadas esta quarta-feira.

Entre outros pontos, as mudanças defendidas pela Metro do Porto passam por deixar cair a linha da Boavista.

O memorando de entendimento assinado em Maio de 2007 entre a Junta Metropolitana do Porto (JMP) e o Governo previa a construção da linha da Boavista, se os estudos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) assim o recomendassem.

A equipa da FEUP defendeu a construção desta linha, opção de que agora a Metro substitui por uma ligação de Matosinhos Sul a São Bento a passar pelo Campo Alegre. Aos jornalistas, o presidente do Comissão Executivo, Ricardo Fonseca, explicou que a opção tomada tem várias vantagens.

Rio atribui esta mudança nos planos da Metro a “motivos partidários”, lembrando que o PS defende a linha do Campo Alegre. Em comunicado divulgado esta quarta-feira, a concelhia do PS considerava que a linha do Campo Alegre “fará uma melhor articulação com o restante sistema de transportes, nomeadamente a rede de transportes públicos rodoviários”.

“É para mim claro que quando o Governo assinou este compromisso [em Maio de 2007] não queria honrá-lo. Já não estava de boa fé. Faltou ao respeito à Junta Metropolitana do Porto e à população, quanto mais não seja pelo tempo perdido”, criticou o autarca.

“É para nos enganarem”

Rio repetiu várias vezes o termo “papelada”, referindo-se aos documentos e mapas apresentados na reunião do Conselho de Administração da Metro aos jornalistas pela Comissão Executiva, numa conferência de imprensa. “São uns mapas do Google com uns riscos em cima. Não têm suporte técnico”, acusou. “Atiram as obras para 2014, 2020, 2022. É para nos enganarem”.

Para Rio, mais grave do que o “incumprimento” do memorando de entendimento (que já se verifica, disse: já devia haver obra no terreno para a linha de Gondomar e o prolongamento da linha de Gaia até Santo Ovídio), é a forma como a tutela tem conduzido o processo, nas “costas” dos autarcas da região.

“Se a papelada fosse para cumprir teria sido feita em conjunto connosco [autarcas da Área Metropolitana do Porto. Não acredito que queiram fazer alguma coisa em concreto, excepto, talvez, [as linhas de] Gondomar e Gaia”, referiu. Questionado sobre o que vai fazer a seguir, disse apenas: “Ainda não sei o que responder. Vou pensar nos próximos dias”.

“Na reunião desta manhã, o Governo conhecia a papelada que eu, membro do Conselho de Administração, não conhecia. Ora, o Governo não é membro do Conselho de Administração”, vincou. No final da reunião, Rio preferiu não falar aos jornalistas para “não reagir a quente”.