Universidade a mobilizar-se

“Só no ano passado as receitas próprias da UP subiram 15% em relação ao ano anterior”, diz o reitor. “Significa que a universidade se está a mobilizar e não se deu dinheiro a fundo perdido a quem tinha problemas. Se o Governo continua a a dar dinheiro a fundo perdido a quem tem problemas não vamos a lado nenhum”, defende. “Algumas [universidades] até estão a aumentar o número de recursos humanos, o que acho inacreditável em tempo de crise. Fazem-se coisas aberrantes, abrem-se cursos com menos de 100 alunos.”

Em que ponto está o processo de passagem da UP a fundação?

Temos 14 faculdades que vão desde os 300 até aos 6 mil e tal estudantes. Cada faculdade tem dentro de sim uma verticalização, ou seja, todas as áreas que precisa para dar os seus cursos. As coisas estão evoluir num sentido diferente: estamos a tirar partido de sinergias e partilhar recursos humanos comuns.

A verdade é que a UP começa a aparecer nos rankings em bloco. Experimente [ver os rankings] por cada uma das faculdades, desaparecem completamente. Se queremos ter visibilidade temos de nos juntar, até para aproveitar melhor as verbas que temos e ter mais qualidade. Criar um conjunto reduzido de unidades orgânicas com autonomia financeira e capazes de tomar as principais decisões.

Os efeitos de ser fundação só se vão ver daqui a alguns anos, quando isto estiver estabilizado e as pessoas dentro do novo espírito.

Mas a mudança tem custos. Note-se o caso da FBAUP, em que disse que tem “pessoal a mais em relação ao número de alunos”. A solução passa por despedimentos?

Não podemos despedir. Passa, como estamos a fazer agora, por empréstimos. Têm sido feitos por faculdades com mais folga às que estão com problemas. A Faculdade de Letras era outra que tinha problemas e está a corrigir o número de professores de forma sustentável.

Mas o principal problema, quer de Letras, quer de Belas Artes, foi a redução do número de alunos nos últimos anos. Ora se isto acontece e como não se pode reduzir o número de docentes, porque não se podem despedir, faz com que haja mais docentes do que as reais necessidades. Que fazer com esses docentes? Investigação, formação contínua, actividades capazes de ocupar essas pessoas.