Com a inauguração do Mar Shopping, em Matosinhos, eleva-se para 31 o número de centros comercias no Grande Porto. Apenas nos primeiros quatro dias, a nova superfície foi visitada por mais de 200 mil pessoas.

Vasco Santos, director geral do Mar Shopping refere que a adesão do público “é um garante que temos um espaço que vai ao encontro das necessidades e desejos da população”. Mas há também quem aponte para uma possível saturação, a prazo, deste tipo de espaços comerciais, devido à oferta excessiva.

Virgílio Borges Pereira, professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, diz que “estamos a ver uma transformação profunda do comércio e do modo de comerciar nas cidades, que veio para ficar”.

“Este modelo que se impôs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer comércio, contudo, mais cedo ou mais tarde, estaremos a falar de crise dos grandes centros”, defende.

Pequeno comércio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro, dono de uma loja de música na Rua de Cedofeita, no Porto, que já pertenceu à direcção da Associação de Comerciantes do Porto, diz que “não é pelo facto de aparecer mais um shopping que a situação vai piorar. A luta é já entre os grandes e cabe ao pequeno comércio adaptar-se e especializar-se”.

“A luta é já entre os grandes e cabe ao pequeno comércio adaptar-se”, diz comerciante

O futuro do pequeno comércio passa pelo acompanhamento da evolução tecnológica e pela captação e fidelização dos clientes. “Quem se deixar morrer no tempo, já mais poderá sobreviver”, vaticina Artur Ribeiro. A criação de uma central de compras para que o comércio tradicional consiga preços competitivos poderia ser um medida a seguir, propõe.

“Morte lenta” dos pequenos empresários

Já Laura Rodrigues, presidente da Associação de Comerciantes do Porto, afirma que a proliferação das grandes superfícies “diminui o preço de procura e o poder de compra, o que leva à morte lenta dos pequenos e médios empresários”.

A líder associativa acusa os dirigentes políticos de “falta de bom senso” e reafirma que “a estabilidade das micro e médias empresas é que é fundamental para a criação de emprego e não a construção de grandes centros comerciais”.