São 57 as vozes que compõem a colecção “The Spoken Word: British Writers and American Writers” lançada pela British Library, esta quinta-feira, em Londres. John Steinbeck, Arthur Conan Doyle, Evelyn Waugh, Arthur Miller, JRR Tolkien e Vladimir Nabokov são alguns dos escritores que podem ser ouvidos pela primeira vez numa colecção.

Composta por duas caixas de três CD cada, as 57 faixas dividem-se em 30 escritores britânicos e 27 norte-americanos, gravações raras provenientes de arquivos da BBCRadio4, mas também inéditos de arquivos pessoais ou rádios americanas.

“Arca do tesouro”

Segundo disse ao “Guardian”, Richard Fairmain, responsável pelo arquivo de som da British Library, foi aberta uma verdadeira “arca do tesouro”.

“As pessoas adoram ouvir estes CD porque lemos estes autores e sentimos que os conhecemos o suficiente através do seu trabalho. Mas quando os ouvimos falar é como conhecê-los pessoalmente. Não é tão bom como se estivessem a falar directamente para nos, mas não é nada mau”, referiu.

Cada disco tem quase duas horas e o produto custará 25 euros (preço que, segundo a British Library, é acessível dado a qualidade e valor da obra).

Duas partes

Na parte inglesa (“The Spoken Word: British Writers”), os destaques vão para Virgina Wolf e Arthur Conan Doyle.

Da escritora, está disponível a única gravação integral existente da sua autoria, em que Wolf refere: “as palavras não vivem nos dicionários, elas vivem no Homem. (…) Talvez a única razão pela qual não temos nenhum grande poeta, novelista ou critico literário é porque negamos às palavras o direito à sua liberdade”.

Outra gravação inédita pertence a Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, onde fala sobre a importância do espiritualismo.

Quanto à parte americana, é possível ouvir, por exemplo, palavras de Arthur Miller sobre o seu casamento com Marilyn Monroe, a reflexão de Tennessee Williams sobre a sua carreira na Broadway, a entrevista de Ian Fleming (autor de James Bond) a Raymond Chandler em 1958 ou as razões que levaram John Steinbeck a escrever “As Vinhas da Ira”.

Os inéditos ficam a cargo de F. Scott Fitzgerald, que presenteia esta colecção com uma das únicas três gravações existentes da voz do escritor. A gravação mais impressionante é talvez a de Joe Orton, uma semana antes de ser assassinado pelo amante Kenneth Halliwell.