“Juan Muñoz: Uma retrospectiva” estará em exibição no Museu de Serralves a partir de sexta-feira. A exposição foi co-produzida por Serralves através de uma associação com a Tate Modern Gallery (que, tal como o Museu Guggenheim em Bilbao, já foi palco da mostra) e a Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior, de Espanha.

Esculturas, desenhos e instalações vão estar distribuídos por 15 salas até finais de Janeiro, ainda que, conforme adiantou ao JPN o director do Museu de Serralves, João Fernandes, esteja “colocada a hipótese de alargar o prazo da exibição porque esta merece atenção”. A decisão está também dependente das outras instituições associadas.

Para João Fernandes, Muñoz é um artista muito ligado a Portugal e ao Porto: além de ser um dos maiores artistas ibéricos no mundo, “expôs várias vezes em Portugal, cruzou-se com diversos artistas portugueses e ofereceu à cidade as esculturas que estão hoje no Jardim da Cordoaria, a propósito das comemorações da Porto 2001″.

Apesar da obra de Muñoz já ter passado anteriormente por Portugal, é a primeira vez que é exibida num museu português.

O espectador visto pela escultura

O director do Museu de Serralves diz que foram reunidas as obras mais relevantes do autor, que “criou uma reaproximação entre a escultura e a figura humana”. Sendo considerado um dos artistas mais significantes das últimas décadas, Juan Muñoz criou uma interacção entre a escultura e o espectador. “O espectador vê-la e é visto por ela”, indica João Fernandes.

O espaço acolhe também os esboços da famosa série “Raincoat Drawings”, desenhos com pormenores de espaços interiores e que invocam uma perspectiva tridimensional no espectador. Esta série é como que um “diário ilustrado de Muñoz, dos espaços que ele frequentou”, explica João Fernandes.

Um “contador de histórias”

O escultor espanhol nasceu na ilha de Ibiza em 1952, viveu sob a ditadura franquista e mudou-se para Inglaterra em meados da década de 1970, onde estudou arte e design.

Muñoz definia-se como um “contador de histórias”. Atingiu o auge da sua popularidade na década de 1980. Faleceu subitamente em 2001, aos 48 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco.