A maior polémica em volta da venda de rua de castanhas é a questão da higiene. Segundo a nova legislação, os carrinhos deveriam ser totalmente feitos em inox e a ASAE ficou responsável pela fiscalização mas, no Porto, tais medidas parecem não ter sido concretizadas, a julgar pelo que dizem os vendedores de castanhas.

Arminda Mota, vendedora, diz que foi tudo “boato” e que nada foi fiscalizado. Os vendedores portuenses compraram carrinhos em inox mas por iniciativa própria. “Ninguém nos obrigou a nada”, diz.

As embalagens onde se colocam as castanhas também foram alvo de alterações, pelos menos na teoria. Decidiu-se o abandono das tradicionais Páginas Amarelas por uma questão de higiene, já que a tinta que largavam podia ser prejudicial para a saúde. Foram criados cartuchos específicos para o efeito, sem tinta.

Francisco Santos, também vendedor, garante: “eles aqui não mudaram”. “Só foi em Lisboa. Mesmo os cartuchos… Disseram na televisão mas não se meteram nisso”, acrescenta.

Este vendedor, de 60 anos, optou por começar a vender as castanhas em cartuchos, e não em revistas. Não foi por causa da lei, mas sim “para não dar tanto trabalho” já que a idade não lhe permite a mesma rapidez de antigamente. No entanto, opta por levar consigo umas listas de Páginas Amarelas, pois tem clientes que preferem.

Um hábito para “preservar”

Pedro Pinto, estudante, 30 anos, considera que as tradições devem ser mantidas. “Desde pequeno que tenho o hábito de comprar castanhas na rua, quando começa o frio. É um hábito que pretendo preservar”, refere, criticando a ASAE.

Também Maria José é consumidora das castanhas assadas vendidas na rua. Dá mais valor às castanhas que compra aos vendedores de rua porque “é uma vida difícil”. “Mas é muito bonito sair à rua e poder comprar umas castanhinhas. Aquece-nos o corpo e a alma”, frisa.