Filipe Soares, especialista em engenharia informática, está a desenvolver um sistema que permite rastrear a presença de elementos suspeitos em mamografia e que, por vezes, são de identificação difícil por parte dos radiologistas.

O projecto, que está a ser desenvolvido na Siemens Healthcare, em Matosinhos, consiste num “modelo para um sistema de detecção assistida por computador, que vem ajudar à avaliação, sempre subjectiva, dos radiologistas e identificar casos difíceis de diagnosticar, aumentando consideravelmente a taxa de detecção de anomalias”, explica Filipe Soares, por e-mail, ao JPN.

A estrutura interna da mama é altamente complexa, pelo que o exame da mamografia pode ser afectado por factores que dificultam a detecção de importantes sinais de cancro como as microcalcificações – minúsculas partes de cálcio que, no meio de um tecido denso, são difíceis de identificar.

“A grande premissa da nossa investigação está relacionada com o facto de o tecido humano ser caracterizado por um elevado grau de auto-semelhança, como se verifica no caso do tecido mamário. Qualquer anomalia presente na mama é identificada por um desvio da sua normal auto-semelhança, o que pode traduzir-se num indicador sustentador da presença de um tumor”, frisa.

Diagnósticos mais fiáveis

O projecto tem como meta contribuir para diagnósticos com maior grau de confiança, isto porque “factores como a limitação do olho humano podem resultar num diagnóstico que subestime a eventual presença de elementos indicadores de cancro”.

“A ideia é fornecer imagens de alta definição e utilizar sistemas de apoio que actuem na análise de elementos suspeitos, permitindo apresentar informação complementar ao médico, de forma a sustentar um diagnóstico mais fiável”, explica Filipe Soares.

Parceria entre UBI e Siemens

Doutorando da Universidade da Beira Interior (UBI) e bolseiro de doutoramento em empresa apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), com bolsa co-financiada pela Siemens Sector Healthcare, Filipe Soares propõe aplicar a engenharia informática na área da Medicina. O projecto nasceu em 2004, a partir de de uma parceria com a UBI e a Siemens.

“Trabalhar numa empresa multi-nacional como a Siemens, no sector Healthcare, é uma responsabilidade acrescida e acima de tudo um desafio”, diz. “O facto de existir a possibilidade de ver os resultados do meu trabalho aplicados na sociedade e poder contribuir indirectamente para salvar vidas é uma motivação constante”, acrescenta.

Filipe Soares adianta que o modelo proposto na patente poderá ser aplicado à ressonância magnética para obter resultados mais fiáveis.