O Prémio Nobel da Literatura 2008, Jean-Marie Gustave Le Clézio – mais conhecido por J.M.G. Le Clézio – foi esta quarta-feira alvo de uma homenagem, organizada pela secção de Estudos Franceses da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Nascido em Nice a 13 de Abril de 1940, Le Clézio é o primeiro escritor nascido na França a ganhar o prémio após Claude Simon, em 1985.

Filho de um cirurgião britânico e de uma francesa, descendentes de bretões, que no século XVIII emigraram para a Ilha Maurício, a obra do prémio Nobel da Literatura 2008, é marcada pelas constantes viagens que marcaram a sua vida, em particular por África (é casado com uma marroquina) e pela Nigéria, onde viveu parte da infância.

Formado em Letras, trabalhou na Universidade de Bristol e de Londres, aos 23 anos ganha o Prémio Renaudot, um importante galardão francês, por um ensaio que ainda hoje é considerado magistral, “Le procès-verbal” (1963).

Escreveu também o best-seller “Deserto” (1980), que lhe valeu o Grande Prémio Paul-Morand da Academia Francesa, “O Processo de Adão Pollo”, “O caçador de tesouros”, “Estrela errante”, “Diego e Frida”, “Índio branco”, são alguns dos títulos de Le Clézio traduzidos em Portugal, cuja obra conta com mais de 50 criações.

Depois de uma apresentação do autor por Ana Paula Coutinho, professora da Faculdade de Letras e coordenadora do departamento de estudos franceses, foram lidos, em francês e português, alguns excertos da obra do Nobel, por estudantes.

Convencer os alunos não foi muito difícil, mas também não foi um sucesso à primeira tentativa. “Passam pelo receio do bloqueio de ler em voz alta, mas acho que é uma experiência importante porque os ajuda a vencer esse receio e a saber que é muito importante partilhar”, explicou Ana Paula Coutinho.

Além do “dia simbólico” para a homenagem (Le Clézio estava prestes a receber o galardão na Academia sueca), Ana Paula Coutinho gostava de “partilhar com os outros aquilo que os escritores têm, que são as suas palavras”.

Os objectivos? “Dar a conhecer um escritor que não é muito conhecido, designadamente em Portugal, e sobretudo permitir a leitura pública de excertos das obras”, explicou a professora.

“É um autor que fala do mundo inteiro e fala inclusivamente de sítios, povos e realidades que normalmente são esquecidas. [Le Clézio viveu com ameríndios, experiência que deu origem à sua obra “Índio Branco”.] A língua francesa passa a ser o veículo transmissor daquilo que normalmente está silenciado.”, explicou Ana Paula Coutinho.