Os vereadores da oposição na Câmara do Porto e a Plataforma de Intervenção Cívica (PIC) de defesa do Mercado do Bolhão aplaudem a decisão anunciada por Rui Rio de recorrer a verbas públicas e comunitárias para reabilitar o espaço, mas lamentam o “tempo perdido” com o processo.

Esta sexta-feira, o presidente da autarquia anunciou que o projecto será feito pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) e que será “minimalista”, mantendo a traça arquitectónica e a função actual do mercado, a venda de frescos, como central.

“Teimosia incompreensível”

Francisco Assis, vereador do PS, concorda com o esquema de financiamento gizado por Rui Rio, que passa, sobretudo, pela venda de acções do Mercado Abastecedor do Porto detidas pela câmara. “Vai recorrer a fundos municipais, por muito que diga que não, e fundos comunitários”, disse ao JPN.

O que Assis não compreende é por que razão Rio rejeita aplicar o projecto do arquitecto Joaquim Massena, que a câmara lhe encomendou em 1998 e que o actual presidente pôs de lado.

O socialista fala em “capricho”, “birra”, “orgulho” e “teimosia incompreensível” de Rui Rio por não utilizar o projecto de Massena, que permitiria “recuperar muito do tempo perdido”, e não acredita que o IGESPAR tenha dito que o mesmo não respeitava a traça arquitectónica, como o autarca afirmou.

Já o vereador da CDU, Rui Sá, disse ao JPN que “nada impede o IGESPAR de poder aproveitar pelo menos alguns elementos do arquitecto Massena”.

Incertezas permanecem

Rui Sá diz que a solução encontrada é, “à partida”, “positiva”, “embora os seus contornos não estejam definidos e parta de pressupostos diversos que podem não acontecer”, como a venda das acções e a decisão judicial sobre a indemnização pedida pela câmara à empresa TramCroNe (TCN).

José Maria Silva, da PIC, também aplaude a decisão, mas lembra que “andou-se a perder tempo com a TCN”. “Metade das lojas já estão fechadas, há outros [comerciantes] que querem ir embora”, lamenta, vincando que “as obras são muito urgentes”. As obras, disse Rui Rio, não arrancarão antes de 2010.