São dez da manhã e os alunos já chegaram à Biblioteca Municipal de Vila do Conde. Quando entram, circulam pela secção infantil e pegam em livros. Sentam-se em círculo e começam a ler, seguindo as letras com as pontas dos dedos.

Mais bibliotecas em 2009

O projecto assume-se como pequeno, mas tem ambições de crescimento. Marta Miranda revela que para chegar a mais alunos o Vitamina L vai precisar da colaboração de mais professores. Ainda assim, os mentores do projecto contam levá-lo a Fajozes, já no início do próximo ano, e a outras freguesias do concelho. As instalações serão as bibliotecas escolares e o transporte deverá continuar a ser assegurado pelos encarregados de educação.

O Vitamina L é um projecto criado no final do ano passado pela Câmara de Vila do Conde destinado a promover a leitura nas camadas sociais mais jovens e desfavorecidas. Está dividido em sessões semanais e conta com a colaboração voluntária de vários professores.

A ideia de promover a leitura não é nova, bibliotecas de todo o país recebem regularmente workshops e actividades dirigidas aos mais pequenos, mas o Vitamina L é diferente: todos os sábados durante o ano lectivo, das 10h às 13h, um grupo de alunos com dificuldades escolares e que vivem em bairros carenciados é convidado a perceber que os livros não servem só para enfeitar as prateleiras.

Marta Miranda, coordenadora do Vitamina L, aponta objectivos definidos para o projecto: “Queremos ajudar o maior número de crianças possível, evitar que no futuro venham a ser excluídos e engrossem as estatísticas da iliteracia. Num mundo competitivo como o de hoje, quem não sabe fica de fora.”.

“Problemas a todos os níveis”

Por cada grupo de oito ou dez alunos, há quatro professoras a orientar. Muitos dos alunos já lhes passaram pela sala de aula, e, segundo Isabel Pousada, uma das professoras, dizem que é preciso mais do que o Vitamina L para os ajudar, já que têm “problemas a todos os níveis, desde materiais, psicológicos e familiares”.

A câmara não disponibiliza transporte, nem acompanha as crianças fora da biblioteca. Marta Miranda reconhece que esse facto podia ter deitado o projecto por terra, mas os encarregados de educação dos alunos não a desiludiram: “os pais têm cumprido escrupulosamente, têm trazido sempre os filhos”.