Projectos alternativos como o Núcleo de Experimentação Coreográfica (NEC), o Balleteatro e a Fábrica de Movimentos desenvolvem um papel significativo no apoio a artistas emergentes, na produção de fóruns de discussão sobre dança contemporânea e na formação de públicos.

Mas não têm orçamento para fomentar a circulação de artistas nacionais, nem condições logísticas para trazer grandes companhias. Falta uma infra-estrutura dedicada “à programação de dança contemporânea”, diz Joclécio Azevedo, director do NEC.

“A programação é muito sazonal, com os festivais – que são poucos – e a falta de uma infra-estrutura como o Rivoli faz com que seja difícil uma actividade mais continuada”, reflecte.

A ausência de estruturas institucionais dificulta o processo de criar públicos para a dança contemporânea. Apesar de não se inserir no rótulo “cultura de massas”, a dança contemporânea não é elitista, considera Paulo Vasques, programador do NEC. “O circuito limitado é que pode fazer com que a torne elitista”.

“Houve sempre público quando a dança contemporânea se tentou afirmar: no Porto 2001, no Rivoli, nas Jornadas de Arte Contemporânea”, refere Joclécio Azevedo. Como o público não existe a priori, um circuito regular de espectáculos seria o elemento central para a sua criação.

As estruturas independentes empenham-se na divulgação da dança contemporânea, mas, como aponta Joclécio Azevedo, são sempre “espaços alternativos”. Não têm o potencial comunicativo de uma instituição, nem o “peso mediático”. Né Barros, coreógrafa do Balleteatro, considera que a imprensa podia desenvolver “um trabalho mais metódico na divulgação do que as estruturas fazem”.