As Taser (armas de choques eléctricos) já mataram 334 pessoas desde 2001 nos Estados Unidos da América (EUA). Estes são números divulgados pela Amnistia Internacional (AI) naquele que é o relatório mais recente sobre estas armas. Para contrariar estes números, as autoridades alegam que muitas destas mortes se devem ao consumo de estupefacientes.

“Less than Lethal?”, assim se chama o relatório [PDF] , junta-se a outros avisos já feitos, tanto pela AI, como por outras organizações. O Comité Contra a Tortura da Organização das Nações Unidas também já se mostrou preocupado com este problema.

As Taser são armas supostamente não-letais, que através de descargas de energia, paralisam a pessoa atingida.

Usadas em situações desnecessárias

Acalmar indivíduos violentos sem ter de recorrer a disparos é o objectivo destas armas. O problema é que têm sido usadas em circunstâncias em que não se justifica recorrer ao seu uso, principalmente nos EUA e no Canadá.

“90% dos indivíduos que morreram na sequência de terem sido atingidos por uma Taser estavam desarmados e não aparentavam ou não representavam uma ameaça real”, segundo a AI.

Indústria diz que as Taser são seguras

A Taser International, empresa produtora das armas, insiste, segundo a CBC News, na ideia de que estas armas de atordoamento estão entre as opções de uso da força mais seguras. Segundo a AI, a empresa produtora afirma que as Taser são “seguras e não letais e que não estão abertas ao escrutínio”.

O relatório “Less than Lethal?” fala mesmo no uso de Taser contra crianças, idosos e deficientes. Isto quando estudos recentes provam que o uso destas armas é seguro apenas em adultos saudáveis.

Um dos casos que ficou mais conhecido foi o do polaco Robert Dziekanski [vídeo no YouTube], morto depois de ser atingido por choques eléctricos. Quando a policia disparou, Dziekanski já não estava a ter um comportamento agressivo.

Uso de Taser aumenta no Canadá

De acordo com uma investigação feita pela rádio e televisão canadiana CBC News, o uso das Taser no Canadá aumentou para mais do dobro entre 2005 e 2007.

O Canadá [PDF] é, a par dos EUA, um dos países em que o uso deste tipo de armas tem suscitado mais problemas.

Nos EUA, as Taser não são consideradas armas de fogo e podem ser usadas por civis na maior parte dos estados, segundo a CBC. Já no Canadá, há restrições ao uso deste tipo de armas, tal como acontece com as armas de fogo.

PSP e GNR também as usam

Em Portugal, a Policia de Segurança Pública (PSP) e a Guarda Nacional Republicana (GNR) dispõem deste tipo de armas desde 2006. Somam-se, ao todo, 88 armas de atordoamento por choques eléctricos.

As forças de segurança portuguesas já recorreram a Taser pelo menos nove vezes, segundo dados avançados pela Lusa. No entanto, só são utilizadas “em último recurso, antes de se recorrer às letais”, explica o comandante da Companhia de Operações Especiais da GNR, capitão António Quadrado, citado pela agência.

Explicou que quem utiliza estas armas tem formação específica e obedece a um conjunto de regras que define em que circunstâncias podem ser utilizadas.