Pelo menos 320 palestinianos morreram, segundo a BBC, e mais de 1.400 ficaram feridos nos últimos três dias, desde que Israel começou a bombardear Gaza. A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que 57 mortos são civis. Receia-se que Israel possa estar a preparar uma ofensiva por terra.

O Egipto permitiu esta segunda-feira a entrada de ambulâncias com feridos palestinianos. Os hospitais da Faixa de Gaza não têm meios suficientes para dar resposta ao elevado número de feridos que se registou nos últimos dias.

Os ataques iniciaram-se sábado de manhã, depois de o Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde Junho de 2007, ter quebrado o cessar-fogo, a 19 de Dezembro, e lançado rockets e morteiros para a zona fronteiriça israelita. Segundo Telavive, os bombardeamentos vão parar apenas quando os palestinianos desistirem de atacar Israel. Têm sido atingidos alvos estratégicos, nomeadamente infra-estruturas do Hamas.

A ministra dos Negócios Estrangeiros israelita, Tzipi Livni, disse esta segunda-feira à BBC que o Hamas é responsável por aquilo que se está a passar em Gaza. “Os palestinianos estão a pagar o preço por aquilo que o Hamas está a fazer,” explicou. Isto depois de já ter justificado os ataques com a necessidade de defender os cidadãos israelitas que vivem junto das fronteiras.

O governo frisa que o alvo dos bombardeamentos é o Hamas e não os palestinianos em geral. Segundo a Al Jazeera, Livni apelou mesmo aos palestinianos para abandonarem Gaza e irem para locais mais seguros e para se afastarem das imediações das infra-estruturas do Hamas.

Portugal preocupado

O Governo português apela ao cessar-fogo e lamenta as vítimas deste conflito. “O Governo tem acompanhado com a maior preocupação a situação em Gaza, apoiando os esforços e as declarações da Presidência francesa do Conselho da União Europeia, que tem vindo a apelar à cessação das hostilidades”, lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros divulgado esta segunda-feira.

A nota acrescenta que “Portugal condena o lançamento de rockets a partir de Gaza e as operações militares em larga escala desencadeadas por Israel”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, participará esta terça-feira em Paris na reunião ministerial extraordinária convocada pelo seu homólogo francês, Bernard Kouchner, para debater a crise no Médio Oriente.

Ban Ki-moon critica Israel

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considera “inaceitável” a violência que Israel está a usar contra o Hamas. “Reconheço o direito de Israel se defender, mas condeno o excesso de violência usado”, explicou à imprensa. “O cessar-fogo deve ser declarado imediatamente”, continuou. Apelou ainda ao diálogo politico entre israelitas e palestinianos.

A comunidade internacional tem apelado a Israel, desde o início dos bombardeamentos no passado sábado, para pôr termos aos ataques. O Irão foi mais longe e acusou o governo israelita de estar a cometer crimes de guerra.

A ofensiva motivou protestos no mundo árabe, da União Europeia e em Venezuela.

“O tempo da terceira Intifada chegou”

Khaled Meshaal, líder politico do Hamas exilado na Síria, disse, sábado, que os palestinianos não vão ceder. “O tempo da terceira Intifada chegou”, exclamou, citado pelo diário israelita “Ha’aretz”.

“Nem os rockets, nem as operações suicidas são absurdos, mas as negociações são”, disse à Al Jazeera. Explicou ainda que o Hamas aceitou todas as opções pacíficas, mas sem qualquer resultado.