Já se sabia que Serralves ia enfrentar um ano de 2009 com um orçamento inferior ao de 2008. O que não se sabia ainda totalmente era de que forma esse “condicionamento”, assumido pelo presidente da fundação, António Gomes de Pinho, se iria reflectir na vida de Serralves. A instituição apresentou, esta terça-feira, a programação para 2009, apesar de tudo “intensa” e “com grande ambição”, em que se destacam duas grandes exposições da sua colecção.

Ano de reflexão

2009 será um ano de reflexão da própria missão de um museu. Em Outubro, Serralves acolhe o ciclo de filmes “O Cinema no Museu” e, um mês depois, um colóquio internacional sobre o papel do museu e das instituições culturais.

Num contexto internacional difícil, em que “há museus a anular programações” e outros “a fechar portas”, Serralves aposta na sua “riqueza” interna – aliás, no orçamento deste ano mantêm-se semelhantes a 2008 as verbas destinadas ao reforço do acervo.”A economia de um museu é a sua colecção”, disse o director do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Serralves, João Fernandes. “Temos apresentado a nossa colecção de forma parcelar. Nunca a apresentamos ocupando a totalidade do museu.”A colecção de Serralves constitui um “núcleo histórico que apresenta os grandes nomes da arte portuguesa e estrangeira” desde os anos 1960 até à actualidade. Inclui obras de artistas como Helena Almeida, Rui Chafes, João Cutileiro e Richard Hamilton.Será apresentada no MAC em duas fases: a primeira começa a 29 de Maio – que deve incluir artistas menos conhecidos – e a segunda em Outubro. Em cada uma das fases haverá obras de vários períodos e origens.

Arte conceptual, aguarelas e fotografia

No calendário estão também as mostras de Juan Muñoz (prolongada até 24 de Fevereiro), de Christopher Wool, e dos premiados do BES Revelação, inauguradas ainda em 2008, bem como iniciativas habituais em Serralves, como o Serralves em Festa, marcado para 30 e 31 de Maio, o Jazz no Parque, em Julho, o Mugatxoan (22 a 28 de Junho), e o Festival Trama, em Outubro.Em Março começa a vida nova de Serralves com uma perspectiva geral sobre a obra da galesa Bethan Huws, artista que assume a “herança da arte conceptual e de Marcel Duchamp”, segundo João Fernandes, patente de 13 de Março até 17 de Maio. Também a 13 de Março inaugura uma mostra do belga Raoul de Keyser com 40 aguarelas recentes, nunca expostas. As fotografias de edifícios modernistas do período colonial em países como Angola e Congo, hoje degradados, do sul-africano Guy Tillim serão mostradas no MAC entre 27 de Março e 17 de Maio. A fotografia volta a Serralves a 16 de Outubro, com a abertura da primeira exposição retrospectiva de Augusto Alves da Silva.Julho é também mês de novas actividades: uma exposição do lisboeta Pedro Barateiro, que se dedicada ao desenho, à escultura e à instalação; outra sobre o mobiliário de Émile Jacques Ruhlmann, nome grande da art déco e “figura fundamental para a construção da Casa de Serralves”; e uma terceira em que dezenas de artistas de vários países propõem percursos com arte pelas ruas do Porto.