Desmistificar a violência no namoro e sensibilizar para a causa através do teatro foram os objectivos da acção de sensibilização que, no passado domingo, encheu de jovens o Cine-Teatro Constantino Nery, em Matosinhos.

Inserida numa campanha promovida pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), a “Festa/Acção de Sensibilização Contra a Violência no Namoro” contou com a realização de um Teatro Fórum protagonizado pela Associação PELE e com a actuação de Filipe Santos, um dos participantes da Operação Triunfo.

Para Elza Pais, presidente da CIG, estas actividades “têm muito mais impacto” no sentido de conseguir que “os jovens falem sobre este assunto e que se interroguem entre eles. É fundamental passar a mensagem”, acrescenta.

“Namoro violento não é amor” foi então a mensagem passada ao longo de duas horas de interacção entre os jovens e os artistas em palco. Isto, menos de um ano depois de um estudo da Universidade do Minho ter alertado para o facto de 25% dos jovens (dos 13 aos 29 anos) portugueses se assumirem como vítimas de violência no namoro.

Campanha em todo o país

A sessão de Matosinhos marcou o início de uma campanha de sensibilização promovida pelo CIG, que já envolveu o lançamento de um site e a colocação de vários cartazes por todo o país. “Chegamos a milhões de pessoas”, revela Elza Pais. A próxima iniciativa consiste num concurso que tem como alvo os alunos do 3º ciclo do ensino básico e secundário, em que estes são desafiados a conceber trabalhos que envolvam a sensibilização para a causa. A campanha está inserida no Programa Nacional contra a Violência Doméstica: prevenção da violência nas relações de namoro.

Números que não passaram ao lado de um evento em que Elza Pais abordou os vários mitos que rodeiam a violência no namoro. Procurou-se destacar que o “ciúme não é amor”, que não existe o “quanto mais me bates mais gosto de ti” e que a violência no namoro pode acontecer em todo o lado e a qualquer pessoa.

Jovens representam soluções

A peça de teatro “Casa me queres, casa me feres” contou com a participação dos jovens das várias Casas da Juventude, que representaram o modo como tratariam o namorado ou namorada em diversas situações. Os ciúmes, a proibição de ver os amigos, o controlo através de sms e as agressões foram algumas das situações encenadas, com o objectivo de chamar a atenção dos mais novos.

Alexandra Gomes foi uma dos muitas jovens que assistiram ao evento. “Esta campanha é uma forma de informar e alertar os jovens para a violência no namoro, tendo em conta as estatísticas”, opinou a jovem que, como todos os participantes, Esta iniciativa contou também com a distribuição de panfletos com os mitos da violência no namoro e de t-shirts para os jovens.

O evento teve o apoio da Câmara de Matosinhos. Para Guilherme Pinto, presidente da autarquia, este tipo de campanhas é importante para fazer desaparecer “o conjunto de indicadores que ainda aceitam o tipo de relação violenta entre homens e mulheres”. Aos jovens, Guilherme Pinto alertou para que respeitem os seus parceiros porque um “amor batido é um amor corrompido”, finalizou.