Paulo Bento e Quique Flores tinham alertado, na antecâmara do clássico lisboeta, para a importância dos pormenores num jogo de alto risco. Com 90 minutos de futebol que não foi bem jogado (antes intenso e disputado nos limites físicos), os cinco golos nascem de erros crassos de ambas as defensivas em duas partes dominadas de forma distinta: uma que pertenceu ao Benfica; outra que viu um Sporting transfigurado. A vitória sorriu a um leão que foi mais feliz e que teve num «31» endiabrado o segredo (que já não o é) do sucesso. E atenção que o «dragão» tem agora 4 pontos de vantagem sobre os dois rivais.

Sem surpresas em ambos os figurinos, os primeiros minutos viram entrar um «leão» mais forte e dominador numa partida que foi disputada, de forma agressiva, logo desde o início. O Sporting conseguiu controlar as hostes encarnadas, obrigando o adversário a defender mais perto da sua linha-de-área e, numa bola parada, Liedson inaugurou o marador, logo aos 10’: a bola sobrou para o lado direito da grande-área onde o Levezinho, sem oposição, desferiu um remate em jeito para o fundo da baliza de Moreira.

Em desvantagem, as «águias» reagiram em força. A equipa de Quique soltou-se, apoderou-se do meio-campo (Yebda e Katsouranis tacticamente perfeitos, nesta fase) e anulou as investidas leoninas, ao mesmo tempo que se aproximava com perigo da baliza de Tiago. O Sporting baixou as unidades, permitindo, por vezes, uma pressão intensa do ataque encarnado nos seus últimos 30 metros e o golo do empate nasceria de mais um erro. Uma falta escusada de Polga sobre Suazo na grande-área leonina, depois de uma distracção do defesa brasileiro, deu a possibilidade a Reyes de igualar o marcador, aos 36’, através de grande penalidade.

(Muito) mais Sporting.

Ainda na primeira parte, Postiga sairia de jogo, lesionado, dando lugar a Derlei. Ora, no reatamento da partida, foi o avançado brasileiro a abrir caminho para a vitória final do «leão»: um passe longo de Polga para o meio da defesa encarnada onde o antigo jogador de Fc Porto e… Benfca, sem marcação (de novo) não perdoou na cara de Moreira para fazer o 2-1. O Sporting voltava assim à vantagem, aos 47’, e por cima se manteve nos minutos seguintes.

Com o readquirir do meio-campo (Rochemback e Moutinho nas primeiras zonas de recuperação) e com as alas bem apoiadas não só por Izmailov e Vukcevic como por Liedson e Derlei, que muitas vezes por ali deambulavam, o Sporting pressionava, com trocas de bola constantes e com oportunidades q.b. para sentenciar a partida… mas desperdiçava. Quique ainda tentou dar uma chapada psicológica na sua equipa – fez entrar Di María e Nuno Gomes – mas foi Bento, outra vez, a acertar nas substituições. Pereirinha deu lugar a Vukcevic e, na direita, complicou o trabalho defensivo a David Luiz. Tanto que haveria de nascer dos pés do jovem médio leonino o cruzamento para a cabeça de Liedson fazer o 3-1, aos 81’, novamente sem oposição que se fizesse notar.

O Sporting garantia os três pontos, mas não sem antes sofrer mais um susto: Cardozo reduziu, a um minuto dos 90’. Já seria tarde para um Benfica irreconhecível no segundo tempo

Olegário Benquerença

Noite complicada para o juiz leiriense. Errou ao não assinalar duas grandes penalidades (uma de Rochemback sobre Aimar e outra por mão de Maxi Pereira a remate de Izmailov) e controlou mal os ímpetos agressivos dos jogadores, sobretudo na segunda parte.