Em todas as sextas-feiras de jackpot o cenário é o mesmo: os portugueses correm às casas de apostas para, sozinhos ou em sociedades de amigos, tentarem a sua sorte. Portugal é, de resto, o país europeu com mais apostadores per capita, segundo dados da Santa Casa da Misericórdia, a instituição detentora do monopólio dos jogos de sorte em Portugal.

No Porto também se sonha com o prémio maior. Na casa Deus Dá A Sorte, na Avenida dos Aliados, a funcionária Isabel de Sousa afiança que as sextas-feiras de Euromilhões são, por si só, sinónimo de mais apostadores e que o número “aumenta para o dobro ou mais” em dias de jackpot como o desta sexta-feira.

Quanto ao novo regulamento, que estipula como jackpot máximo os 185 milhões de euros (o remanescente é transferido para os prémios inferiores), Isabel não tem ouvido queixas dos clientes, que preferem comentar o destino do dinheiro em prémios não atribuídos.

O concurso:

O sorteio realiza-se esta sexta, às 21h00. Para além de Portugal, o Euromilhões, lotaria semanal criada em 2004, está presente em Espanha, França, Inglaterra (países criadores), Irlanda, Áustria, Bélgica, Suíça e Luxemburgo. O português com mais sorte no historial do concurso embolsou, em 2006, 60 milhões de euros num jackpot total de 183 milhões.

“Os clientes dizem sempre que é a Santa Casa que mete o dinheiro ao bolso”, conclui. A Deus Dá A Sorte nunca deu primeiros prémios, mas já distribuiu “alguns milhares”. Isabel também joga, mas “dois euros chegam” porque “é uma questão de sorte”, diz, para depois confessar que esta semana apostou “mais qualquer coisa”. No entanto, não chega ao extremo de alguns clientes que, segundo Isabel, “jogam bastante dinheiro”.

Abílio Tavares, reformado, é um jogador “viciado, mas com tino”. Antes do Euromilhões distribuía as apostas por vários jogos, mas agora só joga às sextas. “É tradição, aposto sempre e depois discuto com os amigos o que faria se ganhasse”. Se fosse premiado “com qualquer coisinha” ajudava a família, mas não tem grandes esperanças. “É mais por carolice, sabe?”.

Cem milhões de euros “é muito dinheiro”

Bem perto da Deus Dá A Sorte, na Rua Sampaio Bruno, e unida pela vontade de criar excêntricos, está a Casa da Sorte. Hercínio Loureiro mal tem tempo para responder ao JPN, tal é a quantidade de apostadores que se revezam em frente às diferentes máquinas do balcão. Mas, segundo o funcionário, em dias de jackpot “nota-se bastante que há mais apostadores”.

Quantos mais? “Pelo menos mais 50%”, afirma Hercínio, que também joga todas as semanas, mas não revela quanto aposta. Bruno Duque, 33 anos, é uma das pessoas que espera pela sua vez de registar os cinco números e as duas estrelas. À saída conta ao JPN que joga “regularmente, mas sempre sozinho”. Bruno prefere não pensar no que faria com cem milhões de euros. “Não vale a pena, é muito dinheiro”.