Turistas, moradores, lojistas e, claro, os habitués de Miguel Bombarda. Todos rumaram, sábado, à rua mais artística do Porto, em dia de dupla inauguração: das galerias e do novo troço pedonal, que retirou os automóveis de uma parte da artéria portuense.

Depois de inúmeros avanços e recuos, a nova zona pedonal foi inaugurada. O projecto, com assinatura do arquitecto Filipe Oliveira Dias, vê, finalmente, a luz do dia. Foram muitos os que pisaram o novo pavimento ornamentado com as “carantonhas” do artista plástico Ângelo de Sousa, com obras em exposição em duas galerias da rua.

Uma reabilitação demorada

O projecto de reabilitação da Rua Miguel Bombarda começou na segunda semestre de 2008 , depois de sucessivos adiamentos, ao longo de cerca de 10 anos. As obras terminaram a 25 de Fevereiro deste ano .

O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, e o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, marcaram presença em dia de inauguração da “rua das galerias”. “A minha regra é só fazer obras quando tenho dinheiro. Com condições, faz-se”, justificou o autarca, questionado sobre os adiamentos sucessivos. Rui Rio mantém a esperança de a rua poder torna-se totalmente vedada ao trânsito.

Já José António Pinto Ribeiro apelou à ousadia criativa. “É preciso que esta capacidade de exibição seja coordenada com os artistas, para que esta rua seja um verdadeiro centro da vida cultural e um foco de contaminação de cultura”, disse.

Esta reabilitação pedonal traz, porém, uma nova esperança para os comerciantes mais velhos, que se dizem prejudicados com a crise. É o caso de Maria Rosa Baldaia. “Em 1961 é que era bom, as pessoas podiam entrar pelo Palácio de Cristal. Agora têm que dar uma volta muito grande”, recorda a comerciante.

A restauradora de móveis antigos não se poupa em lamentos: “Desde há seis anos que o comércio está pior”. A comerciante afirma-se optimista, mas com cautela. “Eu tive cá muita gente hoje. Mas agora vamos esperar e ver”, diz.