O Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) encerra esta terça-feira, uma homenagem a Miguel Mota, cientista portuense de 87 anos e que, em 1957, desenvolveu uma teoria sobre o movimento anafásico (divisão celular), só comprovada 30 anos depois.

Miguel Mota publicou, há mais de meio século, um artigo onde defendeu que o cinetócoro (centro do cromossoma) funciona como “motor” da divisão celular. Esta teoria seria comprovada com o trabalho de cientistas como Gary Gorsbsky e Conly Rieder.

Os dois investigadores norte-americanos marcam presença no simpósio que, durante dois dias, recorda a obra de Miguel Mota. Intitulado Mechanics of Chromosome Segregation”, o evento reúne vários cientistas que investigam o processo de divisão celular.

Perfil

Miguel Mota formou-se no Instituto Superior de Agronomia, da Universidade Técnica de Lisboa. Após terminar o curso, em 1948, liderou o Laboratório de Citogenética da Estação de Melhoramento de Plantas, em Elvas, onde desenvolveu linhas de plantas, que ainda se podem encontrar nas Beiras e em Trás-os-Montes. Estudou em várias universidades dos Estados Unidos, assim como na Suécia e Inglaterra e foi professor catedrático na Universidade Lusófona e no Instituto Superior D. Afonso III. É Doutor Honoris Causa pela Universidade de Évora, desde 2006.

Hélder Maiato, investigador do IBMC e organizador do simpósio, destacou a importância desta descoberta na investigação de cancros. “Ao explicar como se movem os cromossomas na célula, a tese dá-nos a ideia do que pode acontecer caso um dos cromossomas não segregue correctamente, o que em alguns casos pode dar origem a cancros”, realçou ao JPN.

O próprio Miguel Mota afirma, no entanto, que as suas descobertas não são definitivas. “Em ciência é difícil algo ser absolutamente comprovado. Há muitas indicações a apontar no sentido da minha tese, mas não temos a certeza absoluta”, revelou o cientista.