Depois de Rui Rio ter alertado, da parte da manhã, para a “falta de solidariedade” na região Norte, as diferentes forças políticas da região responderam unindo-se em defesa da regionalização, durante a segunda sessão do Fórum para o Desenvolvimento da Região Norte, que encerrou esta terça-feira, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP)

Presentes no debate estiveram João Teixeira Lopes e José Rio Fernandes, docentes da FLUP e militantes do BE e do PS, respectivamente. A sessão contou ainda com Narciso Miranda, candidato independente à Câmara de Matosinhos, e Marco António Costa, presidente do PSD Porto.

Nas suas intervenções, todos os quatro oradores mostraram-se a favor da regionalização, processo que José Rio Fernandes assume como forma de combater “um duplo centralismo” (estatal e local). O professor de Geografia da FLUP lembrou que que a maioria dos países da União Europeia “de uma forma ou outra estão regionalizados”. Uma opinião partilhada por João Teixeira Lopes, para quem a regionalização tem que “ajudar a combater as assimetrias”, constituindo ao mesmo tempo uma “oportunidade de “partilhar o poder”.

Organização atribulada

Depois de uma sessão matinal que dcorreu dentro do planeado, a segunda sessão do Fórum para o Desenvolvimento da Região Norte foi perturbada por problemas de agenda da parte dos vários intervenientes, sendo que Teixeira Lopes e José Rio Fernandes tiveram que sair mais cedo, e Narciso Miranda só pôde comparecer a meio do colóquio. O próprio evento começou com meia hora de atraso, tempo, durante o qual, um aluno trajado distribuiu folhas pela audiência com um texto de opinião de Marco António Costa a favor da regionalização.

Do lado do PSD, Marco António Costa fez eco da intervenção de Rui Rio e defendeu a regionalização enquanto “trave mestra” do desenvolvimento do país, considerando que pode ajudar à “racionalização dos meios e à responsabilização das autoridades”. Realidade também vincada por Narciso Miranda. O antigo autarca socialista referiu que “actualmente os directores regionais são funcionários” e que as sedes regionais “existem, consomem dinheiro mas muitas vezes estão sob comando dum assessor do primeiro ministro ou dum adjunto do secretário geral”.

Apelo à “Quarta República”

Negunda metade do colóquio, já só com a presença de Marco António Costa e Narciso Miranda, a discussão desviou-se frequentemente da regionalização, incluindo assuntos como a corrupção, as “pressões partidárias”, a lei da paridade e a limitação dos mandatos.

Durante a sua intervenção, Marco António Costa surpreendeu o público, debruçando-se sobre algumas mudanças governamentais que gostaria de ver realizadas para se dar “a entrada numa quarta república”. O presidente do PSD no Porto sugeriu uma “profunda reforma” através dum “governo presidencialista, de sete anos, com um só mandato”. Sugeriu também diminuir o parlamento para “muito menos de metade dos deputados” e “possivelmente criar um segundo órgão, um senado, em que podiam ter lugar figuras como Mário Soares e Mota Amaral”.

Marco António Costa lamentou ainda “a falta de responsabilização dos presidentes das grandes instituições e das grandes empresas”, afirmando que “homens sem rosto controlam o funcionamento do país”.