O Partido Socialista vai apresentar, na próxima sexta-feira, no parlamento, um conjunto de propostas que visam promover uma alimentação mais saudável entre os mais jovens. Entre as medidas que vão ser apresentadas destacam-se o projecto de lei que visa reduzir o teor do sal no pão e um projecto de resolução que recomenda ao Governo a distribuição gratuita de frutas e legumes nas escolas.

O projecto de lei a apresentar na próxima sexta-feira determina que o teor máximo de sal no pão passe a ser de 1,4 gramas por cada 100 gramas de pão e prevê coimas que oscilam entre os 500 e os 5 mil euros, definindo ainda orientações para a rotulagem de alimentos pré-embalados.
O PS propõe ainda ao Governo que estude a possibilidade de proibição da venda de alimentos hipersalinos e hipercalóricos nas escolas.

Cecília Morais, nutricionista, considera a iniciativa de redução do sal no pão um “passo importante“. Até porque “o pão é um dos elementos que tem um teor mais elevado de sódio”, acrescenta a professora da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP).

Cecília Morais considera igualmente positivo o projecto de resolução que recomenda ao Governo a distribuição gratuita de frutas e legumes nas escolas. “Ao serem distribuídos frutos e produtos hortícolas promove-se ainda o consumo entre os mais jovens de frutos e hortícolas , que depois poderá ser um primeiro passo para que eles mantenham esse hábito ao longo da vida”, explica a nutricionista ao JPN.

“A fruta não se promove a si própria”

A regulação da publicidade é outro dos aspectos que o PS pondera. O deputado socialista Jorge Almeida, médico e um dos autores dos dois projectos propostos na próxima sexta-feira, admitiu ao “Público” que esta será a próxima iniciativa a avançar “em breve”.

Ementa saudável

Em entrevista ao JPN, Cecília Morais sugeriu um “menu” ementa saudável para as escolas portuguesas. A ementa passa por “todos os dias tentar variar o tipo de carnes , incluir o peixe e produtos hortícolas. Ter o cuidado de pôr a comida de uma forma apelativa. Ter já no prato os produtos hortícolas para as crianças já se habituarem.E no final a fruta , com menos disponibilidade de sobremesas doces”, aconselha a nutricionista.

Cecília Morais alerta para a forma como se promovem os alimentos saudáveis em comparação com os mais calóricos. “Por exemplo, nas crianças, quando lhes damos uma peça de frutas, a peça de fruta não tem brinde. Porque a fruta não se promove a si própria, nem há muita gente que a promova”, ilustra a nutricionista .

A redução dos preços dos produtos saudáveis é outra das medidas defendidas pela especialista:”Se for a um café, uma sandes de queijo é mais cara que um bolo. Por isso, também se deve “promover um pouco a política de preços , para ser um bocadinho mais vantajosa para quem quer comer saudavelmente”, aconselha Cecília Morais.

Há mais de dois anos que o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) apresentou uma proposta de alteração ao Código da Publicidade com o objectivo de regular a publicidade a produtos alimentares dirigida a crianças e jovens. Em 2006, o PS pediu ao PEV para esperar mais algum tempo, porque estava prestes a entregar um novo Código da Publicidade. O projecto está parado na Comissão Parlamentar de saúde há já três anos.