Rui Rio criticou, esta terça-feira, a “falta de solidariedade na região Norte”, resultante da “falta de diálogo entre as cidades e distritos”. No discurso que proferiu durante a primeira parte do Fórum para o Desenvolvimento da Região Norte, o autarca salientou a necessidade de união entre forças políticas, já que a sua desintegração “põe em causa o desenvolvimento da região”.

Numa intervenção em que voltou a defender a regionalização como melhor solução para os problemas do Norte, o presidente da Câmara do Porto (CMP) referiu que o Porto é “inédito no que toca à capacidade das pessoas falarem mal da própria cidade”. “Deveríamos começar a equacionar a possibilidade de dizer bem da nossa terra, porque é bom para a auto-estima, desenvolvimento e captação do investimento”, desafiou.

O autarca referiu o caso do Aeroporto Sá Carneiro como um dos únicos exemplos de “união e entendimento entre os políticos do Norte”. Seguiu-se novo apelo à necessidade de unidade em torno de uma matéria “estruturante e decisiva” que “dispensa discursos bairristas e hipócritas”.

Defesa da regionalização

Promovido pela Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (AEFLUP), o fórum reuniu, na FLUP, autarcas de toda a região Norte. Tal como Rui Rio, também José Silvano, presidente da Câmara de Mirandela, considera que “só a associação das pessoas e instituições nortenhas permitirá criar dimensão e valorizar as especificidades da região”.

“Há que discutir equilibradamente para perceber se é a melhor forma de dar a volta a um centralismo que tem atrofiado não só a região norte como também o próprio país”, acrescentou Rui Rio.

Os dois autarcas salientam a descriminação negativa de que o Norte é alvo e apontam-na como principal responsável pelas diferenças que se observam ao nível do desenvolvimento. Rui Rio vai mais longe e acusa vários ministros do actual governo de “alergia ao Norte de Portugal, sobretudo à região metropolitana do Porto”.

“Portugal tem demasiados municípios”

Quanto ao melhor modelo de regionalização, José Silvano esclarece que o mais importante é “eliminar os 308 munícipios que temos hoje”. O autarca de Mirandela realçou ainda que existem cerca de “100 cidades capazes de atrair e de criar pólos de desenvolvimento em que a população está harmoniosamente distribuída”.

A sessão contou ainda com presença de Valdemar Madureira, representante da Direcção Regional do PCP, e de Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura e docente da FLUP. Ambos defendem a necessidade de dinamizar o Norte. Para Isabel Pires de Lima, o investimento na cultura é essencial para “criar visibilidade dos locais” e “atrair receitas económicas significativas” através do turismo cultural.