Entre greves e manifestações, leis polémicas e o “Magalhães”, desde 2005 que o primeiro-ministro, José Sócrates, está a frente do país, tomando medidas que, se para uns, “não poderiam ter sido melhores”, para outros foram “lamentáveis”. O JPN tentou perceber se a opinião dos que mais o contestaram se mantém inalterável.

Administração Pública

Se as manifestações convocadas pelos sindicatos da Administração Pública em Junho de 2005 fossem encaradas como um indicativo, seria de esperar que a popularidade de José Sócrates junto dos funcionários públicos fosse baixa. No entanto, o vice-secretário geral do Sindicato da Administração Pública, José Abraão, mostra-se bastante satisfeito com as medidas tomadas pelo executivo socialista. Abraão refere que José Sócrates “arrumou a casa” e que os direitos mais importantes dos trabalhadores da função pública foram salvaguardados.

Saúde

Um dos temas mais em voga nos dias de hoje é a avaliação dos médicos. Ginecologista no Hospital São João, Ana Rosa Costa considera que este processo “premeia a assiduidade em detrimento da produtividade” e faz um balanço negativo do estado da Saúde em Portugal. A médica declara que o “sistema de saúde era socialmente justo” e que, com este Governo, muitos profissionais abandonaram o sistema de saúde público. Ana Rosa Costa responsabiliza o executivo pela “falta de progressão na carreira e pelos contratos precários”.

Destaques do Governo de Sócrates

– Mudanças no Código de Trabalho
– Lei do Aborto aprovada
– Tratado de Lisboa
– “Simplex”
– Cartão do Cidadão
– Mudanças na Lei do Divórcio
– Aeroporto: da OTA para Alcochete
– Programa Novas Oportunidades
– Choque/Plano Tecnológico
– O primeiro computador português: “Magalhães”
– Caso Freeport
– Caso da Universidade Independente
– Maior despesa estatal de sempre
– Manifestações de rua sucessivas

Finanças

Perante o cenário actual de crise, as famílias portuguesas encaram o futuro com incertezas. As medidas do executivo de José Sócrates foram várias vezes questionadas ao longo do mandato. Apesar disso, o professor de Economia, Nuno Moutinho, parece optimista. O analista divide a época de governação em duas fases e diz que “era impossível alguém fazer melhor do que aquilo que foi feito”. Apesar das várias críticas às decisões financeiras do executivo, Moutinho faz um balanço positivo das medidas tomadas e apela à estabilidade política “com Sócrates ou sem Sócrates”.

Educação

Provavelmente um dos sectores com mais contestação e que mais mudanças sofreu ao longo destes quatro anos de mandato. A avaliação dos docentes e o estatuto do professor levaram milhares de professores à rua. Carlos Pereira, professor do 2.º ciclo, fala de um “ataque bastante directo” à classe a que pertence e de “medidas fictícias” para combater a indisciplina na sala de aula. Quando questionado sobre a possibilidade de mais quatro anos de governação socialista, o professor mostra-se pouco receptivo.