Os portugueses estão a reciclar cada vez mais, principalmente nos grandes centros urbanos. Segundo os dados da LIPOR só no primeiro mês de 2009 foram recolhidas cerca 44.238 toneladas de material para reciclar. O papel e o cartão foram os materiais mais reciclados com cerca de 1900 toneladas, seguidos pelo vidro e pelas embalagens de plástico e metal.

Em 2008, os valores de material recolhido rondavam as 539.476 toneladas, o que já constituía um aumento em relação às 527.187 toneladas contabilizadas em 2007. O papel e o cartão foram sempre os mais reciclados.

Filipa Moita, representante da ERP Portugal, associação gestora de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos, confirmou ao JPN que as quantidades de equipamentos entregues para reciclagem têm aumentado: “Em 2008 recolhemos praticamente dezanove mil toneladas de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos e para tal tem contribuído imenso as acções de sensibilização ambiental que temos vindo a realizar no terreno, nomeadamente nas escolas”.

Segundo Filipa Moita, “um resíduo não tem que ser um equipamento que já não funciona”. Ou seja, uma pessoa pode-se desfazer de um equipamento que ainda serve para uso e que “pode ser utilizado através do encaminhamento para as organizações não governamentais que os distribuirão a pessoas mais carenciadas”, tal como faz a ERP Portugal.

População mais consciencializada

Segundo Miguel Laranjo, representante da Formato Verde,“a população portuguesa está mais consciencializada e sensibilizada do que estava no passado”, para a questão da reciclagem. “O que se passa é que a população é passiva relativamente às questões ambientais, ou seja, não procura activamente informação no sentido de pró-agir perante a mesma. No entanto, colocando-se esta mesma população perante as situações, confrontando-as, ela interage e dinamiza-se à volta disso”.

Projectos inovadores

Das rolhas às borras de café, ou com a ajuda de minhocas. Quase tudo pode ser reciclado nos dias que correm , a avaliar pelos mais recentes projectos promovidos pela Quercus. O último projecto, pioneiro a nível mundial, aposta na vermicompostagem, um processo que recorre ao uso de minhocas para a limpeza de plásticos, metais e vidros recicláveis. Em negociações com o Ministério do Ambiente estão ainda um projecto que visa o aproveitamento das borras de café e plásticos das embalagens, e um outro que prevê a reciclagem de entulhos e resíduos de construção.

De volta às estatísticas Miguel Laranjo destaca o Porto como exemplo. “Na área metropolitana do Porto, e sobretudo na zona influenciada pelo sistema inter-municipalizado da LIPOR está-se a verificar um aumento da taxa de reciclagem que já representa cerca de 10% do que é produzido a nível nacional”, refere.

Rui Berkemeier, representante da Quercus, também destaca o aumento da reciclagem a nível nacional “na ordem dos 10 a 15% por ano. Há uma maior sensibilização das pessoas, maiores meios para a recolha”, realça.

O ambientalista acredita, ainda assim, que “os resultados podem ser melhores se houver uma maior aposta mais recolha porta a porta “que tem provado ser mais eficiente do que o sistema de ecoponto” e nos sistemas de triagem de resíduos não separados em casa.