No dia que antecede a comemoração do Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, a Câmara Municipal foi palco esta tarde, do lançamento de um projecto que visa combater o absentismo escolar e analfabetismo das jovens de etnia cigana entre os 11 e os 17 anos.

“Acolher, acompanhar, apoiar e promover todos os alunos” são os principais objectivos do projecto, segundo Carlos Moreira Silva, presidente do Agrupamento Vertical das Escolas de Olival, uma das entidades parceira da iniciativa. Tudo para dar resposta ao “nicho” de alunos que constituem as meninas de etnia cigana.

Normalmente, a cultura da etnia cigana determina que as jovens troquem os livros pela aprendizagem das tarefas domésticas. O desafio do projecto passou por proceder a uma auditoria junto dos pais, maridos ou sogros das jovens ciganas, de modo a obter autorização para que as jovens frequentassem a escola, viabilizando assim o projecto trabalhado desde há quatro anos.

A iniciativa está já a ser testada, desde Fevereiro, na Escola D. Armindo Lopes Coelho, em Olival, e abrange onze alunas entre os 11 e os 17 anos. O programa escolar engloba aulas teóricas normais de Português ou Matemática, mas também aulas práticas de gestão económica/doméstica.

“Estamos a fazer democracia”

“Hoje estamos aqui a fazer democracia”, realçou Marco António Costa, vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, durante a assinatura de um acordo que nasce da parceria de várias associações de cariz social, a GaiaSocial, o agrupamento vertical das escolas de Olival e a Gaianima.

Dia de comemorações

A efeméride insere-se na comemoração dos nove anos de actividade da GaiaSocial EEM -“ Entidade Empresarial Municipal de Habitação. A data é assinalada numa exposição fotográfica e documental que, até 12 de Abril, visa dar a conhecer o historial da empresa, empreendimentos e futuros projectos, no Átrio Principal da Câmara de Gaia.

Confessando-se “orgulhoso” perante a “igualdade de oportunidades” proporcionada com a iniciativa, o também presidente do Conselho de Administração da GaiaSocial realça ainda que “este momento é um oásis” face ao actual contexto noticioso de conflitos sociais.

Segundo António Lopes Leite, presidente da Associação de Socorros Mútuos da Associação Nossa Senhora da Esperança de Sandim, a aceitação por parte das alunas tem sido grande, que “mostram grande interesse e assiduidade”.

Já Bernardo Rossio, patriarca dos representantes da etnia cigana, declarou que a sua comunidade vê com bons olhos esta iniciativa, já que o facto de haver uma turma só para estas alunas “acaba por não quebrar a tradição da etnia cigana”.