Entre exposições na Biblioteca Municipal Almeida Garrett e no Museu Militar, e com direito à presença do Presidente da República, a cidade do Porto parou, este fim-de-semana, para prestar homenagem àqueles que morreram, há 200 anos, no desastre da Ponte das Barcas.

No sábado, o Coliseu do Porto acolheu um espectáculo único: “Portugal”, do cónego Ferreira dos Santos. Na Ribeira, decorreu uma cerimónia de homenagem às vítimas, com o descerramento de uma peça escultórica da autoria do arquitecto Souto Moura.

Uma exposição pedagógica

“Faz amanhã 200 anos que o Porto deve ter passado o dia de maior angústia da sua história”. Foi com estas palavras que o presidente da Comissão para a Evocação dos 200 anos das Invasões Francesas, Luís Valente de Oliveira, iniciava, na quinta-feira, as várias actividades.

Na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, nos jardins do Palácio de Cristal, foi apresentada a exposição evocativa das Invasões Francesas, que ficará patente até 5 de Setembro. De carácter pedagógico, o evento tem como público-alvo a “juventude”, estando prevista a realização de várias visitas guiadas para as escolas.

Já no sábado, a entoação militarista de “A Marselhesa” tornou evidente o carácter simbólico do espectáculo coral sinfónico, que encheu o Coliseu do Porto. Um concerto único, graças ao impacto da actuação simultânea de duas orquestras e de 500 coralistas. O actor e declamador Júlio Couto narrou excertos da “Mensagem”, de Fernando Pessoa, num espectáculo que contou também com a participação dos solistas Dora Rodrigues e Marco Alves dos Santos.

Escultura de Souto Moura evoca o desastre

Comemorações “invadem” o Porto até final do ano

Paralelamente às exposições na Biblioteca Almeida Garrett e no Museu Militar do Porto, o programa do Bicentenário continua até ao final do ano, com recriações históricas, exposições itinerantes e colóquios. No final de Agosto, o edifício da Alfândega do Porto acolhe o Congresso Internacional de História Militar, que deverá contar com mais de 70 dissertações, na sua maioria sobre as invasões napoleónicas.

Domingo, dia maior das celebrações, acabaria também por trazer o episódio mais caricato. Em plena Ribeira do Porto, o presidente da República, Cavaco Silva, e o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, esperaram, em vão, pela chegada de Eduardo Souto Moura, autor do monumento evocativo do desastre que seria inaugurado. Justificação: o arquitecto portuense não tinha conhecimento da mudança de hora e chegou já depois de umacerimónia marcada pela ausência de qualquer discurso por parte das personalidades presentes.

Confusões à parte, o Porto lá acabaria por ver o monumento criado por Souto Moura, uma peça escultórica em aço corten, que simboliza a ligação entre as duas margens. As peças simétricas relembram os cais de amarração da ponte que ruiu no dia 29 de Março de 1809, tendo, supostamente, provocado a morte a milhares de pessoas.