A cimeira extraordinária que celebra o 60.º aniversário da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) começa, esta sexta-feira, em Estrasburgo (França) e Kehl (Alemanha).

Os líderes da organização estão reunidos nas margens do Reno para discutir “um novo conceito estratégico” para a organização que surgiu em plena época de Guerra Fria. A nova concepção será apresentada em 2010 ou 2011, em Lisboa.

A Aliança Atlântica vai receber formalmente dois novos membros: a Albânia e a Croácia, que, no passado, contribuíram com o seu contingente militar na campanha no Afeganistão. Deste modo, a organização passa a ser composta por 28 países.

Em cima da mesa vão estar ainda temas como a escolha do novo secretário-geral, o relançamento das relações diplomáticas com a Rússia, o regresso da França à estrutura militar da organização e a missão no Afeganistão.

Em comunicado, o actual secretário-geral, Hoop Scheffer, salientou que a cimeira de Estrasburgo e Kehl deve centrar-se nas “ameaças do século XXI” – ciber- terrorismo, segurança energética, pirataria e implicações das alterações climáticas na segurança. Portugal será representado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e pelo Ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira.

Almirante Português combate piratas somalis

O contra-almirante português, Pereira da Cunha, está a comandar uma força naval da OTAN que combate a pirataria no Golfo de Áden, próximo da Somália. É o comandante da fragata da República Portuguesa “Corte-Real”, o navio almirante do Grupo Naval Permanente 1 da OTAN, que foi atacado no Domingo por piratas somalis.

Para o general Loureiro dos Santos, a actuação da OTAN é marcada por ambiguidades, que começaram assim que terminou a Guerra-Fria. Mesmo assim “o balanço é positivo”, afirma. “A OTAN foi, de certa forma, a sustentação militar da vitória do Ocidente na Guerra-Fria”. Segundo o antigo chefe do Estado-Maior do Exército, uma “Europa a duas velocidades” dá à OTAN o seu carácter dúbio.

Afeganistão e Rússia em cima da mesa

O centro das atenções vai para o Afeganistão. O presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Barack Obama, está pela primeira vez presente em reuniões da OTAN e apela à ampliação dos esforços militares no Afeganistão. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, já fez saber que a França não vai enviar reforços militares para a região.

Outro dos destaques vai para a relação entre a Aliança Atlântica e Moscovo. Devido à oposição do Kremlin a propostas como a adesão da Geórgia e da Ucrânia à OTAN ou a intenção dos EUA de construir um escudo anti-míssil no centro da Europa, o conselho OTAN-Rússia foi reactivado, depois de ter sido encerrado em Agosto de 2008, após o conflito na Geórgia.

Também a nomeação do novo secretário-geral deve gerar controvérsia entre os aliados. Anders Fogh Rasmussen, o actual primeiro-ministro da Dinamarca, é o principal nome anunciado para o comando da organização, embora o seu nome esteja associado às célebres caricaturas de Maomet, publicadas num diário do país, em 2006, pelo que a Turquia já manifestou a sua oposição.