O evento “100 horas de Astronomia” uniu investigadores, astrónomos amadores, professores e profissionais da área. A iniciativa começou na quinta-feira e termina este domingo, com a ambição de aproximar o cidadão comum da astronomia.

O número de actividades registadas em Portugal é elevado, sendo um dos países mais dinâmicos no quadro da iniciativa. Segundo Nelma Silva, do núcleo de divulgação do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), “a par com a Espanha”, Portugal é um dos líderes na Europa. “Estamos também no top 10 mundial – à frente de países como a China”, acrescenta Nelma Silva.

O ano de Galileu

Apesar de alguma controvérsia, Galileu Galilei ficou na história como “o primeiro grande expert das observações” com telescópio, no início do séc. XVII, explica Filipe Pires, coordenador do núcleo de divulgação do CAUP. 400 anos depois da observação de Galileu, a União Astronómica Internacional, a UNESCO e as Nações Unidas declararam 2009 o Ano Internacional da Astronomia. O coordenador deste Ano Internacional é um português: Pedro Russo.

Para este sábado à noite estão planeadas várias “astrofestas” por todo o mundo. Será uma noite dedicada à observação do céu com telescópio e, por isso, o CAUP acredita que “serão muitas as pessoas “ao relento”, na expectativa de observar Saturno e a Lua”.

Já domingo será um dia dedicado ao Sol, com várias iniciativas de observação com telescópios devidamente equipados com filtros especiais. Mais uma vez, é esperada uma forte adesão por parte da população. “A curiosidade das pessoas pelo céu, o fascínio que ele nos causa, quer tenhamos quatro anos, quer tenhamos 80 faz com que o público adira com muita facilidade a iniciativas como estas”, elucida Nelma Silva.

Observar o Universo através de um clique

A “Volta ao Mundo em 80 Telescópios” foi um dos pontos altos do evento. Um webcast de 24 horas, com transmissão em tempo real, a partir de observatórios astronómicos espalhados por todo o mundo, permitiu mostrar os bastidores da investigação da astronomia. Devido ao número elevado de internautas a aceder simultaneamente ao webcast, surgiram algumas falhas, mas entretanto tudo se resolveu. Nelma Silva descreve a iniciativa como “uma interessante viagem em volta do mundo dos telescópios”.

A Internet é uma componente fundamental neste projecto internacional, em que participaram observatórios dos Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, Japão, Chile, entre muitos outros.

Os próximos passos da Astronomia

O ALMA (Atacama Large Millimeter Array) é um observatório que está a ser construído, com mais de 60 telescópios, no Chile. A 5000 metros de altitude, as condições são as ideais, num “deserto muito seco”, em que “não há poluição luminosa”, revela Filipe Pires. 2012 é a data prevista de conclusão.

Ainda em fase de estudo está o E-ELT e vai ser o maior telescópio, com 42 metros.