As novas instalações do CDP, integradas na Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM) foram inauguradas em Março de 2007, mas desde 1999, altura em que Manuela Costa, médica do Centro de Diagnóstico Pneumológico de Matosinhos, integrou a equipa, que o centro desenvolve trabalho com o objectivo de diminuir a taxa de incidência da TB na região. “Até agora o objectivo foi cumprido”, refere a médica.

De acordo com Manuela Costa, a incidência ainda elevada da TB em Portugal, e especialmente na região norte, deve-se “aos movimentos da população numa zona com ligações a portos e alfândegas”. Além disso, explica, “o aumento de casos de TB tem uma relação directa com o aumento de infectados por VIH”.

Embora se trate de uma doença prevenível, tratável, e cujo custo de tratamento ronda apenas os 20 euros – de acordo com o Relatório do Programa Nacional de Luta contra a Tuberculose, relativo a 2007 -, a TB continua a ser fatal e a matar cerca de 1,5 milhões de pessoas anualmente.

“A vacina não é 100% efectiva e é sempre possível que as defesas vão decaindo”, explica Neto Rodrigues, também médico no CDP.

Grande Porto tem “muitas populações de risco”

Altamente contagiosa, a TB infecta pessoas de todas as raças e independentemente do estrato social a que pertencem. A doença infectou Sissi, por exemplo. A imperatriz austríaca tem o seu retrato numa das paredes do CDP, juntamente com o de outras figuras importantes que não escaparam à bactéria que provoca a TB.

Prevenção: “Toma observada do medicamento é fundamental”

Manuela Costa explica que, para prevenir a tuberculose, é necessário evitar o atraso no dignóstico e é importante que, na presença dos sintomas, “as pessoas não demorem mais do que duas semanas a ir ao médico”. O CDP tem três enfermeiros que garantem que cada doente leve o tratamento até ao fim e o cumpra correctamente. De acordo com Manuela Costa a “toma observada do medicamento é fundamental”, sendo que um dos problemas associados à doença é a dificuldade das pessoas em cumprirem um tratamento que tem a duração mínima de seis meses. Além disso, a especialista refere que “não há medicamentos 100% eficazes”.

Mas as populações que maior risco de contágio oferecem são as que vivem em comunidades sem condições de higiene e salubridade. Segundo Neto Rodrigues, o grande Porto “é uma zona de grandes condicionamentos sociais, com muitas populações de risco, como brasileiros, emigrantes vindos de leste, pessoas que não são vigiadas em termos de saúde”.

“Em Matosinhos o principal factor de risco é a toxicodependência”, acrescenta Manuela Costa.

Neto Rodrigues salienta que a diminuição ou o aumento da prevalência da TB “depende ainda do desempenho das estruturas de saúde. É fundamental que haja mais rastreio para que se diagnostique mais”, sublinha.

Tuberculose Multirresistente é nova ameaça

Nos últimos tempos a TB tem vindo a ganhar resistências. Surgiram, portanto, novas variantes da doença. Hoje, a grande ameaça é a tuberculose multirresistente, que afecta dois doentes em tratamento com TB multirresistente, no CDP. Manuela Costa alerta que “uma das causas do aparecimento de novas estirpes é a realização incorrecta dos tratamentos.”

Em 2007, em Portugal, foram diagnosticados cerca de 3158 novos casos. O nosso país é um dos mais afectados pela doença na União Europeia. Segundo Manuela Costa, “temos cerca de dois milhões de infectados não doentes.” “Daí a dificuldade em erradicar a doença.”

A luta contra a tuberculose deve ser uma luta permanente e passa em primeiro lugar por assegurar a todos acesso aos cuidados de saúde, habitações condignas, pelo combate à toxicodependência ou à propagação do VIH.