Arranca esta semana a terceira edição da iniciativa “Ao alcance de todos”, organizada pelo Serviço Educativo da Casa da Música (CdM).

“Ao alcance de todos” consiste num conjunto de conferências, workshops e actividades destinadas a cidadãos com necessidades especiais. O objectivo é produzir som através experiências motoras. São várias as instituições que vão poder beneficiar do projecto pensado por um grupo de formadores.

Esta terça-feira foi a vez do Instituto de S. Manuel, incluído no Centro Integrado de Apoio à Deficiência (CIAD), experimentar as diversas maneiras de produzir sons. Cidadãos portadores de vários tipos de deficiência, em grande parte de deficiência motora, puderam produzir música através de instrumentos de cordas adaptados, de um microfone e de sons associados a ovos de várias cores, que eram acompanhados com uma melodia experimental de vozes.

A equipa, através da iniciativa “A Casa vai a Casa”, visitou vários locais para perceber as principais necessidades físicas destes cidadãos.

“Houve um trabalho junto das associações e criaram-se estes instrumentos, esta “guitarra”, um interface áudio que permite que as pessoas comuniquem através do microfone e que o computador lhes responda”, explica Jorge Prendas, formador da CdM e membro do Factor E, a equipa responsável pela implementação destas propostas.

Nas várias experiências, a participação de todos foi bastante activa. “Consegue-se ver a alegria deles em poderem participar”, destaca o formador.

“Todos reagem muito bem ao som, à experiência e à novidade”

Rolf Gehlhaar criou vários dos instrumentos à disposição, juntamente com Rui Penha e Luís Girão. “Pensamos no que eles precisam e querem. Alguns até nos disseram”, explica Gehlhaar, ao destacar o carácter “interessante e terapêutico” da iniciativa.

“Eles passam muito tempo sentados e parados e o facto de um determinado objecto produzir um som faz com que eles se esforcem para tal a nível físico”, acrescenta.

Ao JPN, La Salete Coelho, professora de música do CIAD, salienta que a “música estimula várias áreas do cérebro” e que, por isso, “faz muito bem” aos seus alunos. “Todos reagem muito bem ao som, à experiência e à novidade”, realça.

Alguns dos instrumentos criados vão ser transferidos para a instituição. Outras instituições como o CeciGaia e o Espaço T também vão poder beneficiar da iniciativa “Instrumentos ao alcance de todos”.

Até ao final da semana, vão realizar-se várias actividades. A próxima conferência tem como nome “Os surdos não ouvem concertos” e tem lugar esta sexta-feira, às 14h30, na CdM.