“A grande maioria dos jovens de Miranda tem muito orgulho na sua língua e gosta de a falar”, afirma João Rodrigues, estudante da Faculdade de Ciências da Universidade do porto (FCUP), natural de Mogadouro. O jovem não domina a língua mirandesa, mas assegura que entende perfeitamente tudo o que se fala em mirandês. De acordo com o aluno da FCUP, a vergonha outrora associada à língua de Miranda “já não se sente actualmente”.

“Tenho um bom exemplo no meu curso, de um colega que, ao apresentar os seus projectos de arquitectura, fala em mirandês, o que os professores acham delicioso”, revela João Rodrigues. A opinião do estudante vai ao encontro do que defende Amadeu Ferreira. Segundo o presidente da Associação de Língua Mirandesa, “há uma relação boa” entre os jovens e a “lhéngua”.

“O mirandês é ensinado nas escolas de Miranda como uma disciplina de opção. O que é curioso é que, apesar de ser uma disciplina opcional, e de ser uma disciplina a que são atribuídos os piores horários, os jovens aderem e inscrevem-se. Abdicam de ir jogar futebol para ir à aula de mirandês”, afirma Amadeu Ferreira ao JPN.

O estudioso refere ainda que. também no domínio das novas tecnologias, têm sido sobretudo jovens na casa dos vinte e poucos anos a desenvolver um conjunto de trabalhos.

Bruno Mendes, estudante da Faculdade de Medicina com raízes transmontanas, não acredita que a língua mirandesa possa vir a desaparecer, devido à “existência de alguns núcleos e movimentos de protecção do mirandês”. No entanto, confessa ao JPN que esta é uma problemática que o preocupa. “É sempre de louvar a preservação da tradição que reflecte a vivência e o saber do povo e dos nossos antepassados. Tudo o que seja perda de tradições é algo que me preocupa”, declara.

João Rodrigues não está tão optimista em relação à sobrevivência da “lhéngua”, defendendo que “todos os livros publicados e reportagens feitas só vão atrasar o desaparecimento” do mirandês. Contudo, reconhece esforços para a preservação da língua: “a publicação da conhecida banda desenhada Astérix, a publicação do dicionário mirandês – português, workshops de mirandês nos festivais de música de Verão e o grupo musical Galandum Galundaina, cujo objectivo é divulgar o mirandês.”