Quase 2000 anos depois, os cristãos de todo o mundo voltam a comemorar, este domingo, a ressurreição de Jesus Cristo. Numa altura em que os jovens se distanciam cada vez mais de Deus, o JPN foi perceber qual é a verdadeira realidade portuguesa.

A encenação da Via Sacra é uma das várias actividades da época. Também conhecida como Longa Caminhada, a Via Sacra é realizada tradicionalmente na Sexta-Feira Santa. Corresponde à encenação dos 14 sofrimentos que Jesus Cristo sofreu a caminho do calvário.

Em Portugal, a tradição da Via Sacra também é comemorada, mas são cada vez menos os jovens envolvidos nas actividades cristãs da época pascal. Apesar do maior afastamento da vida cristã e religiosa, alguns jovens continuam a perpetuar as tradições. José Andrade tem 21 anos e já não se lembra ao certo da primeira vez em que participou na encenação da Via Sacra. Sabe que “foi há mais de 7 anos”, diz o jovem ao JPN.

Os pais “gostam muito” que José esteja envolvido em todo tipo de actividades religiosas, mas, salienta o jovem, é pelas suas crenças que participa. “Sinto-me bem em fazê-lo, sinto que estou a levar algo de muito importante e esperado às pessoas”, afirma José Andrade.

André Monteiro tem 22 anos e “inserido num grupo de jovens de cariz religioso”, participou este ano na “encenação da Paixão de Cristo, uma Via Sacra“. “Porque sou crente, porque acredito em Deus”, justifica, mesmo que não confie em “tudo o que a Igreja tenta impor”, mas sim “naquilo que Deus e Cristo veicularam”.

“Depois, por uma questão de grupo, porque estou inserido num ambiente em que várias pessoas participam e esses laços levam-nos a partilhar este tipo de coisas”, confessa.

A Visita Pascal

O Compasso ou a Visita Pascal é realizada no domingo de Páscoa, ou na segunda-feira, conforme a tradição de cada localidade. Também nesta actividade, em que ao longo do dia todas as casas recebem a visita do padre, há cada vez menos jovens.

André Monteiro participava “quando era estudante”. Já José Andrade continua a acompanhar o o padre na visita às casas das famílias.

André Monteiro encontra reacções diferentes entre os seus amigos: “Para quem não acredita essa participação é sempre motivo de um pequeno gozo, mas nada de muito exagerado. Depois há os que querem ouvir falar e saber como se faz, além daqueles que querem mesmo ir ver.”

Vive-se “sensações únicas” e “momentos únicos e intensos”, diz André Monteiro. José Andrade diz-se invadido por “paz interior, orgulho” e com a sensação de “cumprir uma missão”.

Os jovens e as actividades pascais

André e José sabem que o afastamento dos jovens à Igreja é gradual e cada vez mais acentuado. “Apesar de ainda haver jovens que ajudam nas actividades eucarísticas e festivas, a afluência já foi muito maior em tempos”, confirma José Andrade.

“Talvez não tenhamos tanta gente como já tivemos em Portugal ligada a estas actividades. Mas, apesar de tudo, estes são tempos mais puros, em que só participa quem quer e porque acredita e não quem é obrigado pela família ou pela moral da sociedade”, ressalva André.