Os utentes do metro do Porto estão preocupados com as consequências que podem advir da débil situação financeira da empresa que gere o meio de transporte colectivo da cidade.

Depois da confirmação de que a Metro do Porto tinha fechado o ano em falência técnica – os prejuízos rondam os 68 milhões de euros – e da possibilidade de privatização da empresa e de aumento generalizado de preços nos bilhetes e passes sociais avançada pelo deputado comunista Honório Novo, são muitos os utentes que não vêem com bons olhos todos estes cenários.

Manuel Moreira, 69 anos, reformado, confessa que caso o preço do passe social de que usufrui aumente pode “ter que deixar de o ter”, já que necessita do metro para se “deslocar para vários sítios”. Ainda assim, vai mais longe quando confrontado com a situação financeira delicada da empresa que gere o metro portuense e com a possibilidade de privatização da mesma.

“Não vejo com bons olhos a privatização da empresa e quanto a mim isso deve-se a má gestão porque o metro tem um grande movimento e muitos utentes. Por isso, nem compreendo sequer essa falência técnica”, critica.

Na opinião de Rita Silva, 24 anos, estudante universitária, um cenário de privatização da empresa teria que ser ponderado sempre e quando essa medida não trouxer “desvantagens ao consumidor”.

“Se o facto de ser privatizada não implicar uma mudança na qualidade dos serviços penso que isso não trará desvantagens ao consumidor. Mas se isso tiver implicações ao nível dos preços dos passes sociais ou mesmo das viagens ou se a qualidade do serviço ficar comprometida penso que, aí, poderá trazer algumas dificuldades”, diz a jovem.

Perante a realidade de falência técnica apresentada pela Metro do Porto no fecho das contas de 2008, Rita Silva considera ser “paradoxal” o facto de a empresa registar prejuízos quando “o metro é um meio de transporte muito utilizado que teve uma adesão em massa na cidade do Porto”. “Pelo menos, é de estranhar esta situação…”, conclui a estudante.

Metro do Porto desmente cenário de aumento de preços

Contactada pelo JPN, a Metro do Porto afastou, na voz de Jorge Morgado, director de Comunicação da empresa, o cenário de aumento de preços como consequência dos resultados negativos consolidados pela empresa no ano passado.

“Não está previsto nenhum aumento de preços nos bilhetes nem nos passes sociais”, garante Jorge Morgado.

Questionado sobre as posições de Honório Novo, que visam o governo como o principal culpado pela situação financeira do metro portuense, Jorge Morgado escusou-se a comentar, mas sempre salientou que “este tipo de problemas financeiros não é exclusivo da Metro do Porto”.