Uma personagem “muito mais complexa do que se possa imaginar.” É assim que Jorge Campos, especialista em cinema e docente na Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo (ESMAE), vê Charlie Chaplin, numa altura em que se comemoram, esta quinta-feira, os 120 anos sobre o nascimento de um dos nomes mais emblemáticos da história do cinema.

A bengala, os sapatos desgastados, o chapéu-de-côco e o bigode-de-broxa imortalizaram-no como “Charlot”. Mas Chaplin deixou ainda uma marca de liberdade artística. Foi o “primeiro na história do cinema a reclamar a total liberdade de criação em relação aos filmes que fez”, revela Jorge Campos ao JPN.

Chaplin não foi só comediante, porque tanto “fazia rir como fazia chorar” e era “capaz de expressar uma gama de emoções” que construíram a personagem Charlot, como era conhecida na Europa. Para o docente da ESMAE, Charlot é uma “personagem inovadora e de apelo universal”.

Perfeccionista, Charlie Chaplin demonstrou “que a construção de uma personagem no cinema é indissociável da ambivalência entre o bem e o mal”. Para além de Charlot ser uma personagem cómica, era também uma “criaturinha perversa” e que “estava sempre em conflito com ele próprio”, acrescenta Jorge Campos.

Para além destas características, Jorge Campos destaca que “Chaplin foi um cidadão do mundo”, sempre com a “componente de cidadania indissociável da sua personagem”. “Chaplin é um dos maiores génios da história do cinema”, conclui.

O rigor e a capacidade de observação são as características que Jorge Campos mais admira no actor. “Tenho muita dificuldade em escolher os seus melhores filmes”, constata. Mesmo assim, nomeia “As luzes da ribalta”, “As luzes da cidade” e “O Circo” como os melhores da história do cinema.

“A mímica que significava muito”

O JPN foi saber as recordações que as pessoas têm do actor e cineasta. Aristides Silva não viu muitos filmes de Chaplin, mas revela que era “um homem muito falado”. Já Arlindo Azevedo recorda o actor com um sorriso: “Era um cómico, um mímico. A sua mímica significava muito”.

Laurinda Gomes lembra-se dos filmes que davam na televisão e admira a “maneira como trabalhava”. Recorda também a “imagem engraçada” que Chaplin transmitia.

Nascido a 16 de Abril de 1889, Charlie Chaplin viria a falecer a 25 de Dezembro de 1977. Tinha 88 anos e deixou um legado de filmes e curtas metragens que continuam a ser marcantes na história do cinema.