A morte de dois operários, vítimas do desabamento no edifício em que trabalhavam, terça-feira, na Avenida da Boavista, poderia ter sido evitada se a empresa construtora investisse em acções de formação. Uma posição defendida pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Norte, que é desmentida pela empresa Teixeira Duarte, responsável pela obra.

O sindicato acusa a empresa de recusar oferecer formação aos seus operários. Em resposta, a Teixeira Duarte desmente as declarações.

“Nas obras são proporcionadas regularmente acções de formação e sensibilização dirigidas especificamente para a área da Segurança”, ressalva, ao JPN, fonte do gabinete de Apoio ao Investidor.

Teixeira Duarte “negou as acções de sensibilização”

Em declarações à SIC, o presidente do sindicato, Albano Ribeiro, é peremptório nas acusações. “Mais nenhuma grande construtora deste país negou as acções de sensibilização que ao longo dos anos temos vindo a realizar com o apoio da Autoridade para as Condições do Trabalho.”

Albano Ribeiro apela ainda para “que a administração da Teixeira e Duarte altere o relacionamento e a posição com o sindicato”. “Nós pensamos que este acidente era perfeitamente evitável se fossem tomadas as medidas”, acrescenta.

Fonte da empresa salienta, ao JPN, que a formação sempre foi defendida. “A Teixeira Duarte desde há muito que promove e valoriza a formação, nomeadamente na área da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho.”

Formações essas “prestadas, na generalidade dos casos, por técnicos da empresa devidamente habilitados”, acrescenta.

Placa de betão mata dois trabalhadores

Na origem da morte dos dois operários está a queda de uma placa de betão, com cerca de uma tonelada, na obra de construção da futura sede da Vodafone, na Avenida da Boavista.

“Na fase de amarração da placa às correntes da grua, esta entrou em instabilidade quando foi desprendida do cavalete de madeira que estava a apoiar o carregamento das mesmas”, explica, ao JPN, o major Pais Rodrigues, do Batalhão de Sapadores de Bombeiros (BSB)

Para o local, foram mobilizadas cinco viaturas do INEM e três do BSB. “Quando chegamos não tivemos que fazer nenhum apoio em especial , visto que a placa de betão que tinha ficado em cima dos trabalhadores já tinha sido removida e estava encostada ao camião”, esclarece Pais Rodrigues.

Apesar dos esforços de duas equipas do INEM, os trabalhadores acabaram por morrer pouco depois. De acordo com o jornal Público, as vitimas tinham 39 e 41 anos, respectivamente. Viviam em Freamude e Marco de Canaveses.

Os restantes trabalhadores dizem não ter testemunhado o incidente por não se encontrarem no edifício. A obra vai prosseguir, já que a “Autoridade para as Condições de Trabalho não condicionou a continuidade da actividade da obra”, que, salienta fonte da empresa, “nunca chegou a estar suspensa”.

O acidente está, agora, a ser investigado pela Autoridade para as Condições do Trabalho e pela PSP do Porto.