“Abusiva e absurda”. É desta forma que um grupo de estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) define as bolsas extraordinárias criadas recentemente pela UP, para apoiar os estudantes carenciados que não reúnem condições para receber as bolsas de acção social.

De acordo com a medida aprovada no passado dia 11 de Março, ao receberem esta bolsa extraordinária, os estudantes são automaticamente incluídos numa lista da UP. Como contrapartida, podem ser chamados pela Universidade para ajudarem a instituição em algumas actividades.

Para Jorge Pereira, estudante da FLUP, as bolsas são mal pagas e “vêm precarizar os estudantes”. O aluno considera ainda que é “absurdo e incompreensível” que a UP queira transformar os estudantes em trabalhadores.

Moção gera divisão entre os estudantes

A posição dos estudantes consta de uma moção que deverá ser entregue à Reitoria da UP nos próximos dias. O documento foi aprovado na última Assembleia Geral de Estudantes (AGE), apesar do voto contra do presidente da Associação de Estudantes da FLUP (AEFLUP). A posição do líder associativo é criticada pelos signatários da moção, que acusam alguns membros da AEFLUP de “desconhecerem” a medida criada pela universidade.

O anúncio da criação das bolsas foi feito a 1 de Abril, em resposta à manifestação que reuniu dezenas de estudantes em frente à Reitoria. Na altura, a medida mereceu a aprovação por parte dos alunos, liderados pelo presidente da AEFLUP.

Uma posição contrariada (ver caixa), esta quarta-feira, durante um protesto que reuniu pouco mais de uma dezena de alunos na FLUP, faculdade que tem a maior percentagem de bolseiros e as bolsas mais elevadas da UP. Entre eles esteve Tiago Santos, que critica “a acção social escassa e insuficiente prestada pela UP.

Universidade sai em defesa do suplemento

João Carvalho, director dos Serviços de Acção Social da UP (SASUP), refuta as críticas dos estudantes às bolsas extraordinárias, saindo em defesa de “um suplemento que representa um esforço da Universidade”.

O responsável vinca ainda a importância de um apoiar que irá ajudar os estudantes (inclusivamente os estrangeiros e os que já reprovaram mais do que duas vezes) “que não são abrangidos pelas bolsas estatais”.

Quanto ao trabalho que os alunos terão de fazer em troca da bolsa, fonte dos SASUP afirma que “são trabalhos mínimos”. Estes trabalhos podem incluir, por exemplo, “ajudar a Universidade a organizar um congresso”.

Os SASUP também recusam as acusações de que o trabalho seja mal pago. “O valor que nós podemos pagar é de quatro euros e meia à hora e eu relembro que em Portugal uma pessoa que recebe o ordenado mínimo recebe dois euros e meio à hora”, afirma a mesma fonte.