Manuscritos, mapas, livros, partituras, gravuras, filmes, imagens, fotografias e até pinturas. Tudo isto acessível de forma gratuita através da Internet. A World Digital Library quer criar um arquivo digital mundial, acessível a qualquer um, de qualquer parte do mundo.

A ideia partiu do Congresso dos Estados Unidos da América (EUA) que, em colaboração com a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), concretizaram o projecto, disponível a partir de terça-feira.

Abdelaziz Abid, responsável da UNESCO pelo projecto, explicou ao JPN que o objectivo principal da iniciativa é “estimular o diálogo entre as culturas e fornecer uma janela para a riqueza da cultura humana”. O projecto conta com a participação de mais de 32 instituições mundiais e foi desenvolvido por uma equipa da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em colaboração com técnicos de instituições da Arábia Saudita, China, Egipto, Brasil, Rússia, França, Iraque, Israel, Japão, Reino Unido, México e África do Sul.

Os conteúdos da World Digital Library vão estar disponíveis em sete línguas: português, árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol. Segundo a informação no portal, também serão incluídos materiais noutras línguas.

Segundo Abid, “todos os conteúdos são bem-vindos”, se bem que apenas será aceite “material único da herança dos países”. O representante da UNESCO realça que “está nas mãos das bibliotecas submeter o material que julgam apropriado”, sendo que este será avaliado segundo “critérios de selecção e técnicos”. Para além disso, a UNESCO também pede “às bibliotecas a garantia que o material não tem direitos de autor”.

Conteúdos portugueses de fora

O JPN entrou em contacto com a Biblioteca Nacional, de forma a averiguar se vai submeter materiais para a World Digital Library. Em conversa com o JPN, o director-geral Jorge Couto afirma que a biblioteca “não foi convidada” para o projecto e que este “trata mais de países fora da Europa”.

Jorge Couto nota que a Biblioteca Nacional já participa na “Européenne”, um serviço de dados semelhante que abrange bibliotecas da Europa. A participação na World Digital Library seria portanto “redundante”, uma vez que seria uma “duplicação” da informação.

O director-geral da Biblioteca Nacional de Portugal mantém, no entanto, a disponibilidade da instituição para iniciativas “mais específicas”, isto é, com um carácter menos amplo.

O projecto é apresentado oficialmente na sede da UNESCO em Paris na terça-feira.