A segunda conferência sobre racismo organizada pela ONU, conhecida como Durban II, começou esta segunda-feira em Genebra, Suíça, mas parece condenada ao insucesso depois dos Estados Unidos e vários outros países terem anunciado a sua ausência. Na origem do boicote está a declaração final da conferência, que os Estados Unidos consideram anti-semita, e a presença do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, um negacionista do Holocausto.

A polémica remonta à primeira conferência, em 2001, na cidade sul-africana de Durban, quando os EUA e outros países abandonaram a conferência no seguimento de um aceso debate com países muçulmanos sobre questões como o anti-semitismo e o estado de Israel. O reatar do imbróglio já teve consequências: Israel anunciou que irá retirar a sua representação diplomática da Suíça, em protesto contra a reunião, à margem da conferência, entre os presidentes helvético e iraniano.

No discurso de abertura de conferência, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, mostrou-se desapontado pela ausência dos Estados Unidos, criticou os islamofóbicos e condenou aqueles que negam o Holocausto.

Quando Mahmud Ahmadinejad foi a discursar, não evitou referir a existência de um “governo racista” no Médio Oriente, numa referência bastante evidente a Israel, o que motivou o abandono dos países da União Europeia que cumpriram, assim, o aviso de que o fariam caso se ouvissem frases do género. Pouco depois, Ban Ki-Moon condenava em conferência de imprensa o discurso do presidente iraniano.

Contactados pelo JPN, Pedro Krupenski, director executivo da Amnistia Internacional em Portugal preferiu sublinhar o carácter político da iniciativa, considerando-se moderadamente entusiasmado com a conferência

Já José Falcão, membro da direcção da SOS Racismo, mostrou-se bastante mais céptico e exortou a ONU a tomar medidas mais energéticas no combate ao racismo.