Arranca esta terça-feira a campanha da Associação de Planeamento Familiar (APF) destinada a acabar com os casos de aborto clandestino. Dois anos depois da despenalização do aborto, a APF alerta para a necessidade de divulgar os recursos que as mulheres têm à sua disposição em caso de interrupção voluntária da gravidez.

O director executivo da APF, Duarte Vilar, acredita que o desconhecimento da actual Lei do Aborto e o medo da exposição social podem explicar o recurso das mulheres ao aborto clandestino. “Algumas podem desconhecer a lei e outras receiam ficar expostas”, diz, em alusão à análise das chamadas recebidas na linha telefónica da associação.

“Comparando as chamadas antes e depois da nova legislação, o medo de exposição aumentou”, revela Duarte Vilar.

A intenção da campanha é, segundo o director executivo da APF, “aumentar o conhecimento das mulheres e da população em geral sobre os direitos que têm em matéria de interrupção voluntária da gravidez e sobre os recursos que estão disponíveis”. Vão, por isso, ser distribuídos panfletos na rua e em centros de saúde com informação sobre a interrupção legal da gravidez.

Daniel Serrão, médico e especialista em Bioética considera, no entanto, que o objectivo do planeamento social não está a ser cumprido. “O que se esperava de toda esta campanha de planeamento familiar era que nenhuma mulher ficasse grávida não desejando estar grávida”, defende.

“Não percebo por que é que a associação, em vez de se preocupar com a difusão dos meios anticoncepcionais, quer fazer outras intervenções sobre esta matéria”, retoque o especialista.