Quarenta escritores de diferentes países passaram pela cidade de Matosinhos desde sábado para falar de viagens e experiências literárias. O balanço do quarto Literatura Em Viagem (LEV) é positivo, diz a organização.

Uma edição que abriu “outras portas”, graças à presença de “pessoas como Paul Theroux e Luís Sepúlveda” e de público oriundo, não só de Matosinhos, mas também “de outros lados”, ressalva Fernando Guedes. “Isso é uma grande conquista”, acrescenta o responsável da organização, desvalorizando a ausência de público nalgumas sessões. “As pessoas podem não estar aqui, mas sabem que isto existe, o que já não é mau”, considera.

O brasileiro Marçal Aquino, os norte-americanos Richard Zimler e Helene Cooper e os portugueses Joaquim Magalhães de Castro e José Luís Peixoto foram os escritores que participaram, esta terça-feira, na última mesa redonda do evento, com o tema “Viajar é preciso”.

Para Richard Zimler as viagens são inspiradoras na construção das personagens. “Em Portugal, tenho de lidar com choque de culturas todos os dias e eu também crio personagens que lidam com choques de cultura”, explica ao JPN. Pela segunda vez no LEV, o autor de “À Procura de Sana” salienta a importância do evento no desenvolvimento de “uma atmosfera de cultura em Portugal”

“Mais as paisagens humanas do que as paisagens geográficas, porque alimentam a literatura e abrem novos horizontes para especular sobre a imaginação”. É como descreve Marçal Aquino a influência das pessoas nas viagens. O autor e também jornalista não quis perder a “oportunidade de viajar” até Portugal, até porque diz não recusar convites para eventos “em que se pode falar sobre literatura”.

Encontros são bons “pelo convívio”

Helene Cooper, escritora e jornalista do New York Times, salienta a importância das viagens para o enriquecimento pessoal. “Viajar faz ver o mundo de forma diferente”, conclui. Foi a primeira vez que a e escritora esteve presente num encontro de literatura. “É uma boa altura de conhecer e falar com outros escritores”, caracteriza.

Entre a assistência encontrava-se Alice Vieira, escritora de vários livros infantis, que, esta segunda-feira, também esteve presente numa discussão do Literatura em Viagem. “É sempre muito bom encontrarmo-nos com outros escritores, de outros países de outras literaturas, de outras línguas. É muito pelo convívio”, afirmou, ao JPN, a autora de “A Lua Não Está à Venda”.

A quarta edição do Literatura em Viagem contou, ainda, com exposições e com o lançamento de vários livros. O evento prolonga-se até quinta-feira, Dia Mundial do Livro, com actividades dedicadas às crianças.