Morreu um dos maiores nomes no cenário da animação português. Vasco Granja, o apresentador de “Cinema de Animação” e responsável pela introdução do termo “banda desenhada” em Portugal, faleceu aos 83 anos, na sua casa em Cascais.

Nascido em Campo de Ourique, Granja descobre na sua juventude a paixão pelo cinema, desempenhando aos 16 anos a função de segundo assistente de fotografia em “A Noiva do Brasil”, de Santos Neves. Participa também activamente no cenário cineclubístico lisboeta, apanhando assim em primeira mão as obras do neo-realismo italiano.

A participação em cineclubes traz a Granja o contacto com a resistência política ao regime salazarista, tendo sido detido duas vezes pela PIDE, primeiro por um período de seis meses na prisão de Aljube, em 1952, depois, em 1963, por 18 meses.

Granja contribui também bastante para a divulgação da banda desenhada em Portugal, participando nas edições portuguesas das revistas “Tintin” e “Spirou” (da qual foi director) e criando em 1972 “Quadradinhos”, uma das primeiras fanzines portuguesas sobre o assunto.

Após o 25 de Abril, chega aos ecrãs televisivos “Cinema de Animação”, o programa pelo qual Vasco Granja iria ficar mais famoso aos olhos do público. O programa acabaria por contar com mais de mil episódios, em que Granja apresentava animação de todo o mundo. O próprio virá a satirizar o seu programa quando, em 1998, participa numa paródia da série, parte do programa “Herman Enciclopédia”.

Vasco Granja encontrava-se aposentado desde 1990.