Abrandar o processo de evolução do vinho de uma forma menos agressiva do que as tampas de rosca. Esta é a característica que distingue a “Nanocork” das restantes rolhas tradicionais. Desenvolvida pela empresa Álvaro Coelho e Irmãos SA, a nova rolha conjuga a base de cortiça com um revestimento em fibra.

“Esta nova rolha não deixa evoluir o vinho porque não cede oxigénio nenhum ao vinho e não tem aromas reduzidos. É a grande vantagem. É uma rolha que não existia na área da cortiça porque a rolha de cortiça natural dá sempre alguma evolução ao vinho”, explica Leal Ferreira, director técnico da empresa ligada à indústria corticeira.

Uma indústria que resiste à crise

A produção de cortiça é uma das actividades com maior relevância em Portugal e corresponde a um dos mais importantes produtos de exportação nacional. O próprio Ministro da Economia, Manuel Pinho, admite que hoje “a indústria corticeira não tem nada a ver com o que era há cinco ou dez anos”. Para Leal Ferreira, o factor que ajuda a indústria a “fugir” à crise é “o facto da cortiça ser um produto que se utiliza em todo o mundo, todos os países fazem vinho e, portanto, é um mercado muito vasto”, explica.

O objectivo é evitar os problemas adjacentes às cápsulas metálicas, cada vez mais utilizadas no mercado. Para Leal Ferreira, “as tampas metálicas vieram ocupar um lugar para o qual a rolha não estava muito preparada” e, uma vez que “tem havido um aumento muito grande do consumo dessas cápsulas, estão a aparecer muitos problemas e a cortiça não tinha uma resposta de um produto”. Até agora. “Este produto foi desenvolvido para, dentro de um preço competitivo, pode manter o vinho e melhorá-lo”, justifica o director técnico.

Numa indústria vinícola “muito tradicional”, Leal Ferreira acredita que, “para se colocar no mercado um produto destes, é preciso experimentá-lo”. Por isso, só à medida que os clientes forem experimentando as garrafas com as novas rolhas, é que se “vai provar” que este é um produto de sucesso.

Antes da divulgação, a “Nanocork” passou por uma fase de testes, que decorreu ao longo de dois anos. “Decidimos fazer um ensaio destas rolhas juntamente com as rolhas naturais sem qualquer película redutora e também com as rolhas sintéticas e roscas metálicas. Os testes começaram em Maio de 2007. Até agora os resultados desta rolha são manifestamente superiores”, revela Leal Ferreira.

Do ponto de vista químico, os estudos mostraram que a “Nanocork” é muito semelhante à rolha natural. Contudo, o vinho fica menos evoluído, os aromas mantêm-se frescos e sem aromas reduzidos. O estudo vai estar disponível no site da “Nanocork”.