Nas aulas da “Escola no Bairro”, aprende-se não só o abecedário, mas, também, coisas tão simples como cozinhar, bordar e gestão doméstica. Para a professora Anabela Oliveira, estas disciplinas “informais” são “introduzidas aos poucos”, surgindo da própria vontade demonstrada pelas alunas.

O empenho das jovens estudantes é notório, especialmente nas disciplinas ligadas à expressão plástica e ao bordado, áreas que preferem. “Obviamente que se tem de respeitar o ritmo delas, mas trabalham muito bem”, refere a professora.

Embora com a impaciência própria da idade, as jovens não descuram as regras da sala de aula, que respeitam escrupulosamente. Todos os dias, uma das alunas arruma os objectos utilizados na aula, antes de regressar a casa.

Os conhecimentos adquiridos todos os dias já começam a ser aplicados no quotidiano. E, quando questionadas acerca do que mais têm vontade de saber, as alunas não têm dúvidas: “aprender a ler as horas”.

Segundo explica a professora Anabela Oliveira, isso acontece porque as jovens “têm a percepção do que sabiam até entrarem e do que sabem agora”, tanto a “nível da leitura, da matemática” e até “das coisas básicas, como ir às compras”.

Além disso, há sessões informativas sobre, por exemplo, vacinação, sempre ministradas por mulheres.

Diariamente, as jovens do bairro do Olival não só enriquecem os seus conhecimentos, como quebram barreiras, sem nunca deixar de lado a sua cultura. “Já se começa a ver o incentivo das mães para elas frequentarem a escola”, refere Anabela Oliveira, que encara a mudança como um sinal positivo para a comunidade.