O vaivém espacial Atlantis foi lançado esta segunda-feira na Florida, pelas 18 horas – hora local. A missão é a última de serviço ao telescópio espacial Hubble e tem como objectivo a substituição de alguns dos instrumentos do telescópio. “Com estes novos instrumentos, novas baterias e giroscópios, o Hubble funcionará até, pelo menos, 2014” disse ao JPN Nelma Silva, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP).

A missão de serviço vai durar onze dias e visa a instalação de dois novos instrumentos científicos. Também serão instaladas novas baterias e sensores que darão mais estabilidade ao Telescópio, garantindo um bom funcionamento até 2014.

Os astronautas vão estar longe da Estação Espacial Internacional, o que traz riscos agravados à missão. “Caso aconteça algum problema não há maneira de eles lá chegarem. Por isso, o vaivém espacial Endeavor está pronto a seguir em missão caso seja necessário”, conta Nelma Silva.

E o que acontecerá ao Hubble depois da reparação que lhe dará autonomia para mais cinco anos? “Se as reparações tiverem sucesso o Hubble fica com autonomia para os próximos 5 anos. No entanto o seu sucessor, o James Webb Space Telescope, pode ser lançado já em 2012 (embora seja uma previsão optimista…) e nessa altura o Hubble deixará de ser usado”, responde Carlos Martins, investigador do CAUP.

“O Hubble é um dos melhores telescópios do mundo”

O Telescópio Espacial Hubble tem representado uma fonte de grandes avanços tecnológicos nos últimos 18 anos (ver caixa). Não só porque é um forte complemento aos telescópios de solo, mas também porque contribuiu grandemente para a divulgação da astronomia. “Acho que 90% dos posters que as pessoas têm hoje nas paredes com imagens de objectos astronómicos são do Hubble”, explica Carlos Martins ao JPN.

O astrónomo considera que o impacto tecnológico deste telescópio não é grande, pois “qualquer tecnologia que seja posta no espaço tem que passar por vários anos de testes no solo e, portanto, nunca é tecnologia de ponta”.

Telescópio Espacial Hubble

Lançado pela NASA em 1990, o Hubble é um satélite astronómico não tripulado que transporta um telescópio com 2,4 metros de diâmetro. Uma vez que está no espaço, as suas observações não são tão perturbadas pelos problemas de turbulência atmosférica. O telescópio estará em órbita, pelo menos, até 2014.

Nelma Silva valoriza, ainda assim, o papel do Hubble enquanto plataforma de realização de testes e promotor do avanço tecnológico. “É em telescópios como o Hubble que muita tecnologia é testada. Depois acaba por ser adaptada a objectos que usamos no nosso dia-a-dia. Estamos a falar de software que pode ser adaptado a áreas que aparentemente parecem estar distantes da engenharia e da astronomia, como é o caso da medicina”, diz a representante do Núcleo de Divulgação do CAUP.

Quanto ao vaivém espacial Atlantis, funcionará até que novos veículos espaciais estejam operacionais. “Creio que está prevista mais uma missão à Estação Espacial Internacional, mas o plano actual da NASA é acabar com o programa Space Shuttle em 2010”, diz Carlos Martins. O investigador acrescenta ainda que a NASA já está a trabalhar num outro programa de missões tripuladas, o Project Constellations, cuja primeira missão está prevista apenas para 2014.