Foi “por acaso” que Luís Crespo se cruzou, pela primeira vez, com a tegenaria barrientosi. “Entrou-me pela casa dentro e em vez de ser esmagada por uma vassoura, acabou num tubo de ensaio”, conta ao JPN o biólogo da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, sobre parte do processo que terminou na descoberta de duas novas espécies de aranhas em Portugal.

Do encontro “doméstico” até novo cruzamento com a tegenaria barrientosi acabaria por ser um pequeno passo que teve lugar no Jardim Botânico de Coimbra. Foi também aí que Luís Cresco descobriu a parapelecopsis conimbricensis, a outra espécie descrita num artigo publicado em Abril, com a ajuda de outros biólogos.

Luís Crespo descreve a tegenaria barrientosi como sendo “uma aranha clássica”. Com um tamanho de 17 milímetros sem contar com as patas, a aranha “não tem nada de anormal a nível morfológico”.

Aranhas em Portugal

Com as duas descobertas agora anunciadas, já são cerca de 80 as espécies de aranhas contabilizadas em Portugal.

Quanto à parapelecopsis conimbricensis, “era uma espécie que eu não conseguia identificar nem se encaixa nas características das espécies já descritas” explica Luís Crespo ao JPN. ” Mede cerca de 2, 3 milímetros e tem uma característica engraçada”.

As duas espécies não são, contudo, exclusivas do Jardim Botânico. “A tegenaria barrientosi foi encontrada também em Ourém, e é provável que esteja espalhada por outras zonas do país”. Já a parapelecopsis conimbricensis foi encontrada apenas dentro do distrito de Coimbra. “Posso adiantar, que, talvez, outras exemplares tenham sido recolhidos no Minho” refere Luís Crespo.

“Há um desconhecimento muito grande”

Com o estudo agora divulgado, o biólogo pretende ainda destruir alguns mitos associados às aranhas “Ainda há um desconhecimento muito grande no que toca às aranhas portuguesa” alerta Luís Crespo, dando o exemplo: “Se eu dissesse que quatro para dez aranhas são venenosas isto gerava muito pânico”.

Luís Crespo explicou ao JPN, apesar de grande parte das aranhas serem venenosas, “na maioria das vezes isso não incomoda o Homem. Em Portugal só temos duas espécies potencialmente perigosas, mas não são mortais. A picada pode ser chata mas é só.”, diz. Quanto às novas espécies descobertas, o investigador explica que “possuem toxinas, mas não nos fazem mal nenhum. É impossível!”