O Partido Socialista (PS) e a CDU unem-se nas críticas a Rui Rio. Em causa está o “impasse” a que chegou o processo judicial que envolve a Câmara Municipal do Porto e os proprietários dos terrenos que a autarquia pretende adquirir no Parque da Cidade.

“A proposta que iria solucionar o problema não surtiu qualquer efeito”, adverte ao JPN a vereadora do PS, Palmira Macedo, acrescentando que a autaquia “não consegue adquirir os terrenos que faltam a não ser através de somas avultadíssimas que todos nós teremos de pagar”.

Recorde-se que a Câmara Municipal do Porto (CMP) não permite a construção no Parque da Cidade, ao contrário do que havia sido “prometido” durante o mandato do socialista Nuno Cardoso, que antecedeu a Rui Rio na presidência da autarquia. Em resposta, os três actuais proprietários dos terrenos privados do parque (que representam um total de cerca de 170 mil metros quadrados) processaram a Câmara, exigindo indemnizações compensatórias.

Para evitar o pagamento, Rui Rio avançou, no início do ano, com um acordo extrajudicial que permitiria à autarquia tornar-se única proprietária dos terrenos no Parque da Cidade. Em troca, a Câmara cederia ao consórcio de empresários vários terrenos e edifícios – avaliados em 43,6 milhões de euros – situados no Campo Alegre, Avenida Nun’Álvares, Aldoar e Rua da Restauração, entre outras zonas da cidade.

O certo é que o prazo para a concretização do acordo, apontado para 20 de Feveriero, acabou por se extinguir sem que se chegasse a uma solução. Segundo Palmira Macedo, o processo “está no ponto zero”, pois “os empresários pretendem receber a indemnização que pedem e não vêem vantagem em ser recompensados com outros terrenos”.

Segundo a vereadora, Rui Rio “está a pagar as consequências” de ter decidido “numa campanha eleitoral” dizer que não aceitaria decisão de Nuno Cardoso. “Se ali se tivesse construído com regras, com qualidade, não estávamos perante este problema”, declara, acusando Rui Rio de ser pouco “coerente”, pois “não permite a construção de um lado do Parque, mas permite do outro”.

Crescimento de projectos adjacentes ao Parque é “avulso”

O vereador da CDU, Rui Sá, partilha da opinião de Palmira Macedo, mas aponta também, o dedo a Nuno Cardoso, que “assumiu compromissos com as empresas antes de abandonar o cargo”. O vereador atribui “responsabilidades muito grandes” ao ex-autarca e ao Partido Socialista, por decidirem aprovar o acordo com as empresas “em vésperas da tomada de posse da Câmara, a 8 de Janeiro de 2002”.

Queima das Fitas continuará no Parque da Cidade

Ricardo Rocha, da Federação Académica do Porto (FAP), garantiu ao JPN que “o Queimódromo permanece exactamente no mesmo sítio”. Apesar do contrato efectuado com a Câmara Municipal do Porto estar a terminar, “não há nada que faça prever que a Queima das Fitas 2010 terá lugar noutro sítio que não o Parque da Cidade”, informa a FAP. “O que acontece é que há quatro anos, quando foi feito o protocolo com a Câmara Municipal, o Dr. Rui Rio achou por bem que não deveria efectuar um protocolo que se estendesse para além do tempo do seu mandato”, explica Ricardo Rocha, garantindo que “será negociado um novo protocolo” com quem estiver a chefiar a Câmara Municipal portuense, após as eleições.

Quanto ao “impasse” em que se encontra o processo, Rui Sá diz ao JPN que o actual presidente da CMP “apresentou uma solução como milagrosa e que ia resolver o problema definitivamente” e que “ao fim destes 4 meses”, “temos uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma”.

Apesar dos elogios dos utilizadores do Parque da Cidade à gestão levada a cabo pela autarquia, o vereador salienta a situação “lastimável” que ocorre no Parque da Cidade, “com todo o Núcleo Rural do Parque da Cidade, com o restaurante, com a Casa de Chá e com o picadeiro fechados”. Rui Sá acredita que estas infra-estruturas, onde houve um “desinvestimento”, são cruciais “para se conseguir criar um pólo de atracção” no Parque da Cidade.

Rui Sá deixa, ainda, a advertência de que Rui Rio vai “colocando na periferia do Parque” projectos “que são nitidamente avulsos”. “Parece-me que não há um plano para a área envolvente do Parque e, à medida que algumas coisas vão aparecendo, “chutam-se” para o Parque e vão sendo lá construídas”, declara o vereador.