Até ao momento já estão catalogados 1170 itens na WDL (World Digital Library). A Europa é o continente mais representado com 380 artigos para consulta constante e gratuita na plataforma promovida pela UNESCO. E se França, Reino Unido, Ucrânia, Espanha, Alemanha ou Finlândia já estão representados, Portugal continua ausente de um serviço que disponibiliza documentos anteriores à era de Cristo, sendo que os mais antigos datam do ano 3000 a.C.

Maria Inês Cordeiro, subdirectora da Biblioteca Nacional de Portugal, diz que esta fundação ainda não foi convidada para fornecer artigos ou documentos para enriquecer o reportório mundial. A responsável mostra-se, contudo, “disponível e com vontade de ajudar a engrandecer a lista de documentos mundiais”.

“É óbvio que, se a UNESCO e os responsáveis pelo programa da WDL nos convidarem e mostrarem interesse, pois com certeza poderemos lá colocar alguns dos nossos tesouros”, acrescenta ao JPN.

Apesar de a Comissão Nacional da UNESCO descartar qualquer responsabilidade sobre a escolha das instituições que constam na lista da WDL, Maria Inês Cordeiro afirma que o programa ainda sofre de algumas falhas. “O projecto quer ser Mundial, mas ainda há muitos, muitos países em falta. Por isso, já podemos dizer que é ‘Digital’, mas ainda não lhe podemos chamar ‘Mundial’ “, nota a subdirectora da Biblioteca Nacional.

No entanto, a responsável defende o programa e diz que esta é uma “porta aberta” para que pessoas de todo o mundo tenham acesso a todo o tipo de documentação. Ao mesmo tempo, “poderá trazer um novo e mais vasto conhecimento do mundo para todos”.

Documentos em português, só do Brasil

Para já, todos os documentos em língua portuguesa existentes na Biblioteca Digital Mundial são provenientes do Brasil. Maria Inês Cordeiro não se mostra surpreendida. Pelo contrário, a subdirectora da Biblioteca Nacional acha que esta pode ser uma espécie de “oportunidade” que foi dada ao país de língua portuguesa.

“Uma vez que o Brasil não se encontra integrado em nenhuma grande biblioteca, ao contrário de Portugal que faz parte, por exemplo da Europeana, esta presença na WDL pode servir como impulso e promoção literária e intelectual para o Brasil”, admite.

O site do programa criado pela UNESCO e pela Biblioteca do Congresso vai estar disponível em sete línguas diferentes, incluindo português. A consulta é gratuita e os cibernautas podem aceder ao site em qualquer lado e a qualquer momento.