Criar um museu por núcleos que, aproveitando os conteúdos das instituições municipais, permitisse contar o desenvolvimento da cidade ao longo dos anos. Assim seria o Museu da Cidade, um projecto imaginado há 12 anos que nunca chegou a ser concretizado na totalidade, mas que “continua a fazer sentido”, assegura a ideóloga da iniciativa, Manuela Melo.

A ideia surgiu em meados dos anos 90 quando a actual deputada socialista era vereadora da Câmara do Porto. Em declarações ao JPN, Manuela Melo explica que o projecto não chegou a ser finalizado. Desconhece, no entanto, as razões. “Pergunte ao Rui Rio!”, responde prontamente.

“Era um projecto que definia um trajecto na cidade que permitia unir a zona histórica e que permitia percorrer todos os pontos da cidade onde houve efectivamente âncoras fundamentais para o desenvolvimento do Porto.”

O único núcleo concretizado foi o Museu do Vinho do Porto que, supostamente, seria integrado no núcleo do Porto Comercial, ” primeira grande alavanca do desenvolvimento do Porto”, diz a antiga vereadora.

Ficaram por realizar o Museu da Indústria, onde se encontra agora a Pousada do Freixo, e o pólo rural do Museu da Cidade. O outro núcleo central seria incorporado no projecto de Siza Vieira para a Avenida da Ponte. Este projecto incluiria o Museu Romântico e o coleccionismo, representado pela Casa-Museu Guerra Junqueiro e pela Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio.

“O Porto não tem grandes colecções de pintura nem colecções contemporâneas. E nem precisávamos porque na cidade estava a crescer o projecto Museu de Serralves e as colecções municipais de pintura estavam já há muitos anos depositadas no Museu Nacional Soares dos Reis, que foi todo renovado por altura do Porto 2001”, lembra Manuela Melo.

A “única solução” seria, de acordo com a ex-vereadora, “dar sentido aos núcleos existentes e criar aqueles que falavam”. O Museu da Cidade seria, assim, polinucleado, mas ligado entre si por um percurso, “cujo objectivo seria contar a cidade ao mesmo tempo que a mostrava”.