Cinco estudantes surdos da Universidade do Porto (UP) estão a ser acompanhados, desde meados do segundo semestre, por intérpretes de Língua Gestual.

A ideia, que partiu de alguns estudantes surdos da UP, visa colmatar as dificuldades sentidas pelos alunos que, até agora, tinham de pagar, do próprio bolso, os serviços de um intérprete.

Orquídea Coelho, docente da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), conta ao JPN como surgiu o projecto. “Reuniram-se um conjunto de esforços e dinâmicas por parte dos docentes e estudantes surdos. [Depois] foi apresentado um documento ao reitor da universidade”, explica.

“Houve uma abertura e sensibilização por parte do reitor relativamente a esta situação”, afirma a docente. Numa reunião realizada em Outubro de 2008, Marques dos Santos ouviu as necessidades expressas pelos estudantes. Sem verbas disponíveis, a UP “ficou de estabelecer contactos com a Direcção Geral de Ensino Superior” (DGES).

FPCEUP lança mestrado em Educação e Surdez

Está pronto para abrir um novo mestrado na FPCEUP, no qual já estão inscritos quatro alunos com deficiência auditiva. “Sabendo que vão ter intérpretes nas aulas [os estudantes surdos] vão candidatar-se”, afirma, entusiasmada, a docente. “Começam a procurar mais a UP que não tem neste momento muitos alunos surdos”, acrescenta. O mestrado será em Educação e Surdez, um domínio do mestrado em Ciências da Educação , que se encontra também aberto à comunidade ouvinte.

Já em meados deste semestre, com as verbas angariadas pela Universidade do Porto, os cinco alunos surdos que se candidataram previamente ao programa estão ser acompanhados por intérpretes. A iniciativa, no entanto, estende-se a estudantes candidatos de todos os cursos, sejam de licenciatura, mestrado, doutoramento ou de pós-graduação.

Aliás, um dos cinco estudantes a beneficiar da iniciativa encontra-se a frequentar uma pós-graduação. Orquídea Coelho confessa que o aluno se mostrou “surpreendido” e “satisfeito” com o programa, apesar de se encontrar na recta final da sua formação.

A UP tem actualmente doze alunos surdos. “A presença de intérpretes é fundamental”, complementa a também coordenadora nacional do projecto Spread the Sign .