Cerca de uma em cada três espécies de répteis (32%) e uma em cada cinco espécies de anfíbios (19%) existentes em Portugal têm a sua existência ameaçada, segundo dados da Lista Vermelha dos Vertebrados de Portugal. “Aquela que se considera claramente mais ameaçada é o cágado de carapaça estriada, que está qualificado como espécie em perigo de extinção”, diz José Teixeira, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto.

No Dia Internacional da Biodiversidade, Paulo Santos, do Fundo de Protecção dos Animais Selvagens (FPAS), afirma que as principais causas para o declínio de répteis e anfíbios são a “degradação dos habitats e a introdução de espécies exótica”. Factores que “fazem com que o habitat não tenha a mesma receptividade para estas espécies”.

Espécies em “perigo crítico”

Das 151 espécies de répteis e 85 espécies de anfíbios existentes na Europa, seis espécies de répteis e várias de anfíbios estão classificadas na Lista Vermelha europeia como estando em perigo crítico de extinção.

De resto, o Homem surge como o principal inimigo das espécies em risco, “seja directamente pela redução do habitat disponível ou seja, no caso dos répteis, pela perseguição activa que faz a estes animais.” Afirma ainda que “nas zonas agrícolas não há cobra que escape a uma sacholada. São atavismos culturais que são difíceis de erradicar.”

“Na Reserva Agrícola Nacional, na Reserva Ecológica Nacional e na Rede Natura 2000, estão a acontecer coisas que não têm em atenção a conservação. Estão a acontecer muitos empreendimentos turísticos, muitas fábricas, muitas desanexações de reserva agrícola ecológica”, acusa Paulo Santos. “A conservação não está a ser feita como deveria”, conclui.

Alterações climáticas ameaçam anfíbios

As alterações climáticas globais também têm aumentado os perigos, sobretudo, para os anfíbios. “Em muitos locais as alterações climáticas levaram ao desaparecimento completo de zonas húmidas importantes para a manutenção dos anfíbios”, afirma Paulo Santos.

José Teixeira reforça que “os anfíbios são particularmente vulneráveis porque dependem de dois tipos de ambiente, o ambiente terrestre e o ambiente aquático, são duplamente sensíveis.”

Segundo José Teixeira, “tem-se verificado que as zonas húmidas, que são extremamente importantes para os anfíbios, têm desaparecido a um ritmo muito acelerado”. Por isso mesmo, o cientista do CIBIO fala na importância de criar “uma política de conservação das pequenas zonas húmidas como os charcos, os tanques, os poços.”